A pintura paraense pela obra do pintor Moacir Cardoso

Nesta edição do Universidade Multicampi confira a conversa com a professora Daniely Meireles do Rosário, que fala sobre da pintura paraense pela obra do pintor Moacir Cardoso.

No programa, a professora trata de sua trajetória acadêmica, apresentando dados sobre suas pesquisas no mestrado e no doutorado, que atualmente realiza pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Nesse percurso, um dos principais interesses da Daniely do Rosário é a percepção visual da cidade. No mestrado, por exemplo, discute a arte naif e suas impressões a partir do trânsito que regularmente faz entre as cidades de Bragança, Castanhal e Belém.

Já no doutorado, ela desenvolve a tese intitulada “Entre a lona e a parede: a outra face da pintura paraense pela obra de Moacir Cardoso”. O artista é nascido na Bahia, mas reside em Bragança e hoje é um dos mais reconhecidos na região. “Ele tem um tipo de trabalho que une referenciais de artistas modernistas brasileiros, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Candido Portinari. Ele tem referenciais que lembram um pouco a combinação formal que a estética cubista trabalhava, ele traz referenciais também que são próprios do cotidiano dele, do contexto da Bahia. (…) É um casamento de várias referências”, afirma.

De acordo com Daniely Meireles, chama atenção no trabalho dele a temática regional, com obras que representam o mar, o mangue, a fauna, o cotidiano popular e do folclore bragantino. Nesse sentido, é emblemática a pintura de Moacir Cardoso sobre o mito do Ataíde.

“Ele foi único pintor que até hoje se propôs a pintar o Ataíde. O Ataíde é um mito bem polêmico, eu particularmente acho bem interessante, da região bragantina. É uma criatura mitológica que habita os manguezais, tido como o protetor do manguezal. Diz a literatura, essa literatura dos livros comportados, que ele é aquele que protege o manguezal, agredindo e castigando as pessoas que fazem prática de uma captura predatória do caranguejo. Mas por trás disso, claro, existe toda uma fantasia, todo um imaginário atribuído às relações homossexuais que acontecem no mangue”, conta a professora.

A obra sobre o Ataíde localizada na praça Edwaldo de Souza Martins causou polêmica por representar a figura com órgãos sexuais avantajados, o que gerou um debate sobre as tradições da cultura popular e da religiosidade cristã na cidade. Durante a entrevista, Daniely Meireles também trata sua atuação na Escola de Aplicação da UFPA e a proposta de desenvolver em sala de aula uma abordagem de ensino que contemple a teoria, história, crítica e prática das artes.

Apresentação: Joel Cardoso
Produção: Joel Cardoso e Helando Fragoso
Gravação e montagem: João Nilo Ferreira
Supervisão e edição: Elissandra Batista e Fabrício Queiroz
Foto: Reprodução Facebook

O Universidade Multicampi vai ao ar às terças-feiras, às 10h e 21h.
Horários alternativos: Quinta-feira, às 15h; e Sábado, às 19h.

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