Licenciatura Intercultural Indígena

A Constituição Federal de 1988 assegura aos povos indígenas maior protagonismo nos processos de aprendizagem. Por isso é considerada um marco para os projetos de educação das aldeias brasileiras. Atualmente mais de 50 instituições de ensino superior oferecem cursos de formação específica para professores indígenas. Nesta edição do UFPA Ensino apresentamos o trabalho do curso de Licenciatura Intercultural Indígena da UEPA.

João Kabá faz parte da aldeia Kabá Biorebu, mas cursa a Licenciatura Intercultural Indígena na aldeia Sai-Cinza, ambas localizadas em Jacareacanga.  Para o estudante, o ingresso na universidade foi uma conquista de todos os caciques, lideranças, professores indígenas e alunos. “Para nós, que moramos na aldeia, temos mais acesso com esse curso, porque muitos pais não têm condições de manter seus filhos na cidade onde funcionam outros cursos”.

Para Enivaldo Tembé, da terra indígena Alto Rio Guamá, a importância de ter um curso superior é social. Ele garante que muitas vezes seu povo se sentiu abandonado por não ter quem pudesse articular em favor de seus direitos. “A faculdade para nós é de extrema importância para o desenvolvimento do nosso povo, tendo em vista que muitos dos nossos direitos foram retirados por conta de não termos conhecimento das leis e dos processos”.

Confira os depoimentos completos dos dois estudantes nesta edição do UFPA Ensino sobre a Licenciatura Intercultural Indígena. Participam do bate-papo as professoras Joelma Alencar e Rita Almeida, coordenadora e assessora linguística do Núcleo de Formação Indígena (NUFI) da UEPA, respectivamente.

A coordenadora do NUFI, professora Joelma Alencar, relembra que a criação do curso na UEPA, em 2012, foi uma demanda que veio das próprias comunidades indígenas. A pesquisadora ressalta que, embora tenham modelos próprios de educação e aprendizagem, “os povos indígenas sentiram a necessidade de uma educação escolarizada, por causa do contato e das consequências deste contato com não-indígenas”.

A professora Rita Almeida destaca os conceitos que norteiam o trabalho de educação indígena que precisa ser específico, diferenciado, intercultural e bilíngue. Para a pesquisadora, a interculturalidade do curso é um direito dos alunos. “Eu vou ter toda uma valorização que já faz parte do que sou, do que me constitui, ou seja, da minha cultura, mas eu também vou ter acesso ao que é da cultura do outro”.

As convidadas discutem ainda o histórico da educação indígena no Brasil e no Pará, os desafios e avanços nos últimos anos, o projeto político-pedagógico e o protagonismo indígena em todo o processo de aprendizagem, que impacta diretamente nos baixos os índices de evasão no curso. Para saber mais, não perca este programa.

Apresentação: Fabrício Queiroz
Produção e roteiro: Erlane Santos
Gravação e montagem: João Nilo e Lauro Feio
Supervisão e edição; Elissandra Batista e Fabrício Queiroz
Foto: Nailana Thiely / Ascom UEPA

O UFPA Ensino vai ao ar às quartas-feiras, às 10h e 21h.
Horários alternativos: Sexta-feira, às 19h, e sábado, às 21h.

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