Vida em Doc: produção audiovisual e cidadania

Documentários produzidos por estudantes de Comunicação da UFPA ganharam as telas do Cine Líbero Luxardo no mês de março, de 2018. No evento, denominado Vida em Doc, o público pôde conferir o resultado de aproximadamente 4 meses de produção, durante a disciplina optativa Documentário em Vídeo Jornalístico e Publicitário, ministrada pela professora Doutora Célia Trindade Amorim, com monitoria da aluna de mestrado Larissa Santos.

E para compartilhar um pouco da experiência em relação ao aprendizado durante a produção, execução e divulgação dos produtos, esta edição do UFPA Ensino recebe Sann Júnior, Rodrigo Avelar, Lucas Vieira e Daniel Silva, representantes de quatro das seis equipes responsáveis pelos documentários.

Para Sann Júnior, que durante o semestre teve receio de não conseguir concluir o “Por trás da merda”, o aprendizado obtido na disciplina foi gratificante. “Paciência, equilíbrio e força de vontade são aprendizados que vão ficar para os próximos trabalhos”. O aluno de jornalismo destaca ainda que o mais surpreendente desta experiência foi o fato dos entrevistados parecerem estar esperando por alguém que os ouvisse e mostrasse sua realidade.

“João” marca a primeira experiência de Rodrigo Avelar com o gênero documentário. O estudante, que já acumula duas experiências com ficção audiviosual, agora está encantado com a possibilidade de retratar a vida real com sensibilidade, especialmente um tema tão importante como a adoção de crianças por famílias LBGTs. “Foi muito sensível tratar disso porque é justamente garantia de direitos, no caso, o direito de constituir uma família”, explica Rodrigo.

Sobre o processo de produção, Lucas Vieira recorda que parte do conteúdo ficou de fora do documentário por causa do tempo do documentário “Indígenas Universitários” que tem duração de 9 minutos. Em relação ao tema, o estudante destaca que o maior aprendizado está na valorização da coletividade das populações indígenas, independente da etnia. “Às vezes, é muita pressão na faculdade e como eles não estão mais perto da cultura de origem, precisam de suporte, então eles se ajudam entre si”.

O estudante de publicidade Daniel Souza, representante de “Quem são os garis?”, explica que o trabalho o ajudou a desmitificar alguns aspectos da profissão. Ele afirma que o objetivo da equipe foi trazer um equilíbrio para as narrativas sobre os profissionais da limpeza na cidade, que geralmente são muito duras ou muito românticas. O estudante destaca ainda a importância da experiência para o futuro profissional. “A gente já se sente mais seguro para trabalhar com audiovisual e dificilmente a gente iria aprender, nesse semestre, se a gente não tivesse optado por essa disciplina”.

Os estudantes também destacam o apoio da Universidade e a força de vontade dos alunos na execução dos projetos. “Teve essa vontade dos alunos de fazer justamente essa rede de apoio na produção de cada documentário, especialmente na exibição. A gente bateu muito na tecla de não deixar isso só aqui dentro da Universidade”, relata Rodrigo Avelar.

Sinopses dos documentários

1. “João” (22 min)
“João” aborda a adoção de crianças por famílias LGBT, acompanhando o cotidiano de João Pedro e João Gabriel, filhos adotados por casais homoafetivos. O filme mostra as particularidades do dia-a-dia de cada ambiente familiar e discute os preconceitos que ainda pairam na sociedade.

2. “Por trás da merda” (20 min)
Os bastidores de grupos de teatros de Belém do Pará conduzem a narrativa do documentário “Por trás da merda”. Atores e atrizes abrem as cortinas e gritam que o teatro é uma arte de vida, mas ao mesmo tempo, denunciam a dura realidade enfrentada pela classe artística para manter a prática teatral na cidade. Assim, pelas vozes dos artistas, as deficiências existentes com a falta de investimentos na cultura do Estado do Pará são demarcadas na produção audiovisual. Eles e elas lutam cotidianamente para fazer da arte uma ponte para a educação, profissão e cultura.

3. “Indígenas Universitários” (9 min)
O aumento de indígenas nas universidades brasileiras é consequência da luta pela autonomia e garantia dos direitos dos povos originários do país. Baseado nos depoimentos dos indígenas da Universidade Federal do Pará, o documentário apresenta as dificuldades desses estudantes que deixaram suas aldeias para
ingressar no Ensino Superior, sujeitos a desafios e discriminação dentro da comunidade acadêmica e centros urbanos.

4. “A carta” (22 min)
O documentário “A carta” é um mergulho na subjetividade de estudantes universitários e jovens profissionais que enfrentam depressão, bipolaridade e outros transtornos mentais. O fio condutor da narrativa é uma carta escrita por um jovem universitário, que narra o seu cotidiano no enfrentamento desta problemática, cada vez mais comum em nossa sociedade. O filme também faz uma reflexão sobre o papel, o preconceito e os limites da Universidade, da família e dos amigos, na perspectiva de encarar o tema. Com encenações e depoimentos, os personagens compartilham o cotidiano acadêmico, suas experiências, sentimentos e perspectivas para o futuro. “A carta” deixa uma mensagem para quem precisa aprender a conviver com os transtornos da mente.

5. “Protetoras” (14 min)
O documentário “Protetoras” apresenta a história de três mulheres que se dedicam à causa animal. Assim, o curta-metragem procura dar visibilidade a elas, centralizando a presença feminina em iniciativas em Belém do Pará. Yeda Moraes e Cleide Pinheiro, da ONG ANI – Associação de Assistência aos Animais; e Elizabete Pires, do projeto Peludinhos da UFPA, destacam as necessidades e dificuldades enfrentadas cotidianamente, mas também as vitórias na vida das protetoras e de seus projetos.

6. “Quem são os garis?” (12 min)
O documentário apresenta a luta cotidiana dos garis da cidade de Belém do Pará. Faz uma reflexão sobre a responsabilidade social a respeito do descarte e tratamento do lixo na cidade. Nos depoimentos de duas garis, há os desafios, preconceitos e a importância da profissão para a sociedade.

Confira os bastidores das produções nesta edição do UFPA Ensino.

Apresentação: Elissandra Batista
Produção e roteiro: Erlane Santos
Gravação e montagem: João Nilo Ferreira
Supervisão e edição: Elissandra Batista e Fabrício Queiroz.

O UFPA Ensino vai ao ar às quartas-feiras, às 10h e 21h.
Horários alternativos: Sexta-feira, às 19h, e sábado, às 21h.

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