Museu Emílio Goeldi: Biodiversidade

O Museu Paraense Emílio Goeldi é uma das maiores instituições de pesquisa da Amazônia, produzindo conhecimento em ciências naturais e humanas relacionados à região, desde 1866. Para homenagear os 150 anos do Museu, comemorados em outubro de 2016, a Rádio Web UFPA exibiu uma série especial sobre as pesquisas dessa instituição paraense.

Esta edição da série apresenta o Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Evolução (PPGBE), o primeiro programa de pós criado e coordenado unicamente pelo Museu. Para falar sobre o assunto, recebemos o vice coordenador, professor Mário Jardim, e o doutorando, Alexandre Cordeiro.

Durante o bate-papo, os pesquisadores do Museu Goeldi comentam que a pesquisa em biodiversidade traduz a essência da instituição, desde sua fundação, e que os conhecimentos produzidos na área são fundamentais para a formulação de políticas públicas para conservação dos nossos recursos naturais. Os pesquisadores destacam que ainda precisamos explorar melhor a biodiversidade amazônica, pois ainda há muitas espécies desconhecidas, e que o combate à biopirataria precisa ser um esforço da sociedade como um todo, e não apenas dos cientistas.

O professor Mário e o doutorando Alexandre explicam também as duas linhas de pesquisa complementares existentes no PPGBE. A linha “Dinâmicas da Biota” estuda os aspectos ecológicos das espécies, como seu modo de vida ou como são impactadas pelas atividades humanas. Já a linha “Evolução e Sistemática de Organismos” investiga questões como hipóteses evolutivas e taxonomia, possibilitando a descrição de novas espécies ou redefinição de espécies já descritas.

Ao longo do programa, os convidados falam também sobre suas respectivas pesquisas. O professor Mário Jardim, por exemplo, tem estudado as etnovariedades do açaizeiro, como o açaí branco e o açaí espada. Em seu trabalho, ele já identificou 48 etnovariedades, que são as maneiras como os ribeirinhos nomeiam o açaí. A proposta do pesquisador é descobrir se essas variedades constituem variações de uma mesma espécie ou espécies diferentes. Nesse sentido, o professor enfatiza a importância do conhecimento tradicional. “Esse conhecimento acaba sendo o precursor e incentivador do muito que se sabe sobre plantas medicinais ou alimentares. O conhecimento tradicional deve ser respeitado e os cientistas devem agradecer a ele por conhecer as aplicabilidades das espécies”, afirma.

Alexandre Cordeiro concorda sobre essa importância. Especializado no estudo de serpentes, o doutorando do PPGBE se interessou pelo tema ao entrar em contato com o conhecimento de indígenas Tembé sobre as sucuris, tanto as finalidades zooterápicas de sua banha quanto suas técnicas de caça do animal, que podem auxiliar no estudo da espécie e seu monitoramento.

O doutorando também estudou acidentes ofídicos em Paragominas, concluindo que a maioria poderia ser evitada com educação ambiental, inclusive na desmistificação de uma imagem negativa das serpentes para a população. “Ao contrário dos mamíferos, dificilmente as pessoas se preocupariam com a extinção de uma espécie de serpente”, comenta. Atualmente, o doutorando estuda a cobra-capim, presente em muitos locais da América do Sul, com variação morfológica ao longo de sua distribuição, o que causa confusão na identificação da espécie. O objetivo de Alexandre é tornar mais precisa essa classificação.

 

Compartilhe !

Id:1910

Pular para o conteúdo