Futuro da Ciência no Brasil e na Amazônia

A ciência no Brasil passa por um momento delicado. De 2014 a 2017, o orçamento do governo federal destinado à ciência só fez diminuir, passando de 7,6 bilhões reais para 3,3 bilhões reais. Os cortes de verba ameaçam fechar institutos nacionais de pesquisa, como o Museu Paraense Emílio Goeldi.

Para tratar desse cenário e dos desafios da pesquisa na Amazônia, o UFPA Debate desta semana convidou representantes de diferentes instituições de ensino e pesquisa da região: o Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação da UFPA, prof. Dr. Rômulo Simões Angélica; a coordenadora de Comunicação e Extensão do Museu Emílio Goeldi, Maria Emília Sales; o Chefe-Geral da Embrapa Amazônia Oriental, dr. Adriano Venturieri; e a pesquisadora do Instituto Evandro Chagas, Dra. Socorro Azevedo.

Para Socorro Azevedo, o investimento em ciência deve ser pensado a longo-prazo e não pode ser interrompido. “Não se faz pesquisa em um ano, em quatro anos. Essas prospecções de formação e capacitação de pesquisadores ou de elencar resultados de pesquisa não ocorre ao longo de um ano ou dois anos de gestão. Leva-se décadas para que a gente consiga chegar a resultados proeminentes, então é hora de nós fazermos algo porque é um cenário preocupante”, diz a pesquisadora.

A distribuição desigual de recursos entre as regiões, a dificuldade de fixar pesquisadores, a burocracia e o espeço geográfico são apontados como fatores que impedem o avanço da ciência na Amazônia. “Fazer ciência na Amazônia é muito mais difícil pela questão geográfica, pela questão de você conseguir chegar nos locais de pesquisa, para você conseguir o recurso, então, na verdade, a qualidade da pesquisa na Amazônia é excepcional, levando em consideração todos os obstáculos que a gente tem nessa região para desenvolver pesquisa”, ressalta a coordenadora de Extensão e Coordenação do Museu Goeldi, Maria Emília Sales.

Outro ponto abordado no programa são as parceria com o setor privado, que são vistas como uma alternativa para complementar os recursos das instituições. “Infelizmente, nós estamos muito amadores ainda na elaboração dos contratos e a gente precisa da intermediação das fundações. E ainda falta muito. Os contratos demoraram, as empresas reclamam, mas estamos conseguindo trazer bons projetos, inclusive para pagamentos de bolsas”, afirma o Pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UFPA, prof. Dr. Rômulo Simões Angélica.

A necessidade de formar equipes multidisciplinares, envolvendo várias instituições, e divulgar melhor os resultados das pesquisas a sociedade também mereceram destaque, quando o assunto é o desenvolvimento científico na região. “Nós ficamos por muito tempo dentro da Embrapa restrito dentro dos nossos muros, muita gente passa em frente a Embrapa e não sabe tudo o que a Embrapa já fez ao longo do tempo. Por exemplo, o açaí que você toma tem tecnologia da Emprapa, o búfalo, então a gente tem procurado divulgar mais o que estamos fazendo”, garante o dr. Adriano Venturieri.

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