O nome é uma parte importante da identidade de qualquer pessoa porque carrega suas raízes, mas 2 mil indígenas foram impedidos de registrar o nome étnico em documentos oficiais e agora tentam reaver na justiça esse direito por meio de um projeto do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos e Ações Estratégicas da Defensoria Pública do Estado do Pará.
Essa questão é o ponto de partida do UFPA Debate desta semana que discute a Identidade Indígena, abordando a relação dos povos indígenas com o seu território, a luta por direitos e as ameaças à sua sobrevivência. Os convidados do programa são o estudante de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFPA, Adonias Palikur, e a professora do Programa de Antropologia da UFPA, Beatriz Matos, que também é líder do Grupo de Pesquisa em Etnologia Indígena Ameríndia.
Adonias Palikur considera que a sociedade brasileira de modo geral tem dificuldade em compreender a cultura dos povos indígenas e, por isso, reproduz estereótipos e preconceitos, como o de que os índios não gostam de trabalhar, não precisam de terras ou não pode ter acesso a inovações tecnológicas.
Uma dessas dificuldades diz respeito à relação com o território, espaço considerado essencial não apenas para o suprimento de bens, mas para a sobrevivência da própria cultura. Apesar disso, ele afirma que os povos indígenas buscam ser parceiros dos brasileiros e esperam que as universidades lhes abram as portas. Adonias explica que é necessário fugir de uma noção essencialista que, por exemplo, desconsidera a identidade indígena quando esses povos ocupam outros espaços na sociedade, como a academia, ou quando tem acesso a tecnologias não indígenas.
Já a professora Beatriz Matos aponta que a Constituição de 1988 representou um avanço importante na forma como a sociedade trata os povos indígenas, pois assegurou diversos direitos e mais autonomia, mesmo em um cenário ainda repleto de ataques, como os relacionados à tentativa de destituir os índios de seus territórios e à falta de incentivo a órgãos e programas que atendem essa populações.
A pesquisadora afirma que é necessário avançar em aspectos como o reconhecimento da capacidade os indígenas decidirem a melhor forma de se representar, sem impor regras de forma arbitrária. Beatriz Matos lamenta a recorrência de fatos em que os povos indígenas não são consultados em decisões que lhes afetam, como a mudança de cargo do presidente da Fundação Nacional do Índio (FUNAI).
A professora Beatriz também considera que as ações afirmativas nas universidades servem não apenas para reparar injustiças, mas representam uma oportunidade para as instituições ampliarem o conhecimento sobre a diversidade, a complexidade cultural e as contribuições que os povos indígenas têm a oferecer.
Para saber mais sobre os aspectos importantes para determinação da identidade indígena, não perca esta edição do UFPA Debate.
Apresentação: Fabrício Queiroz
Produção e roteiro: Leonardo Rodrigues
Gravação e montagem: João Nilo Ferreira e Genard Silva
Supervisão e edição: Elissandra Batista e Fabrício Queiroz
Foto: Agência Brasil
O UFPA Debate vai ao ar na segunda-feira, às 10h e 21h.
Horários alternativos: Quarta-feira, às 19h; e sábado, às 11h.