Jornalismo Policial e Sensacionalismo

De um lado, a polícia ostentando sua glória com a exposição de suspeitos; de outro, veículos de comunicação ávidos por audiência; no centro disso tudo, uma sociedade imersa na banalização da violência.

Este é o tema do UFPA Debate, desta semana, que convidou para o bate-papo o presidente da Associação dos Delegados do Estado do Pará (Adepol-PA), Ivanildo dos Santos, e a presidenta do Sindicato dos Jornalistas do Pará, Roberta Vilanova. A professora e pesquisadora sobre mídia e violência, Alda Costa, também participa.

No final de abril deste ano, a Adepol enviou ao Ministério Público Federal um pedido de recomendação ao secretário de segurança pública e ao delegado geral de polícia para normatizar a exposição de pessoas sob custódia do sistema prisional. Para o presidente da Associação, a iniciativa visa restringir os abusos e excessos cometidos por alguns policiais e delegados em nome da divulgação do trabalho que realizam.

Ivanildo ressalta ainda que a exposição de suspeitos é uma forma de camuflar problemas mais sérios que envolvem a segurança dos cidadãos. “Somos contra a exposição abusiva de pessoas submetidas à custódia do Estado que são colocadas num paredão e expostas como se fossem troféus, principalmente quando essa conduta visa mascarar a grande dificuldade por que passa a segurança pública”, afirma o delegado.

A jornalista Roberta Vilanova explica que a conduta dos profissionais de comunicação deveria estar baseada no código de ética dos jornalistas, porém, com o esvaziamento das redações, os trabalhadores acabam adotando a linha editorial dos veículos para garantir audiência e vendagem, desrespeitando vítimas, familiares, testemunhas, suspeitos e a própria carreira.

A professora e pesquisadora sobre mídia e violência, Alda Costa, revela que narrativa midiática deve estar pautada na responsabilidade, porque se fala com e para pessoas de realidades diversas. A exposição desenfreada de suspeitos sem que haja comprovação dos fatos pode causar danos sociais irreversíveis. “Muitas vezes tem-se apenas uma suspeita, não a comprovação, o que pode levar a morte social do indivíduo, e depois não tem como retomar ou justificar”, explica Alda.

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