Protagonismo negro para a igualdade racial

Protagonismo negro na promoção da igualdade racial é o tema em pauta nesta edição do UFPA Debate. A discussão é em torno do papel e da importância do negro como protagonista da sua própria realidade em todos os âmbitos da vida social, seja cultural, econômica, religiosa, profissional, etc.

Isso porque durante muitos séculos os negros não foram os protagonistas de suas histórias, nem na literatura, nem no cinema, nem na religião, nem na comunicação. Em todos os segmentos sociais, os brancos foram os personagens principais, responsáveis por interpretar e contar a história, na maioria das vezes, apenas perpetuando o racismo.

Assim, para refletir sobre a inserção do negro na sociedade brasileira e a influência do povo africano na formação do País, o UFPA Debate convidou o jornalista, produtor e repórter, Fabrício Rocha; o representante do Fórum de Juventude de Terreiro do Estado do Pará, Thiago Trindade; e a cantora, atriz, jornalista, fotógrafa e empresaria, Juliana Matemba.

Para Fabrício Rocha, o protagonismo negro vai além do negro contar a sua própria história. Para ele, o protagonismo está relacionado, essencialmente, com a representação, e, no caso do povo negro, com a sub-representação na sociedade. “Tem haver com as relações do racismo institucional que nos esconde e faz com que nós, que somos a maioria da sociedade brasileira, segundo o dados do IBGE, sejamos sub-representados na política, sejamos sub-representados na televisão e em vários âmbitos da sociedade”, afirma o jornalista.

Thiago Trindade menciona a falta de abertura de todos os espaços para os negros, principalmente, quando se trata de uma pessoa que se considera afro religiosa no Brasil. “Há uma barreira muito grande a ser quebrada, muitos obstáculos enquanto povos tradicionais de matriz africana, em todos os espaços que a gente transita”. Para Thiago, “o protagonismo negro é mostrar para o outro que o povo negro está aqui e que eles podem estar em todos os lugares, vivendo da forma em que eles acreditam”.

A cantora Juliana Matemba diz que o protagonismo negro incomoda tanto a sociedade porque ela não quer ver preto tomando as rédeas da situação, não quer vê-los na televisão, na organização das coisas, na produção. “É a questão do racismo estrutural. Na campanha de moda, a galera não quer ver o preto, por causa dos nossos traços, porque para eles, é feio. O que incomoda para eles é a gente ocupar tudo isso, é uma questão estrutural que dura de quinhentos, há quatrocentos anos. As pessoas brancas não vão querer que a gente ocupe e, cada vez mais, elas vão resistir ao nosso movimento negro de estar na linha de frente.”

Para se discutir e pensar sobre esses problemas históricos que se refletem na realidade atual do povo negro, o dia 20 de novembro, no Brasil, é dia de luta contra o racismo estrutural e pela promoção da ideia de integração da população negra na sociedade, uma vez que é papel de todos abolir a exclusão e a desigualdade racial, seja por meio da música, da arte, da religião e da cultura de modo geral. Ações que devem ser constantes e não apenas no dia da Consciência Negra. Afinal, o dia 20 de novembro faz referência a data da morte de Zumbi dos Palmares, líder do maior quilombo das Américas, um exemplo de luta e resistência em nome da vida.

Apresentação: Fabrício Queiroz
Produção e roteiro: Glenda Duarte
Gravação e montagem: João Nilo
Supervisão e edição: Elissandra Batista e Fabrício Queiroz
O UFPA Debate vai ao ar segunda-feira, às 10h e 21h.
Horários alternativos: Quarta-feira, às 19h; e sábado, às 11h.

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