Coleção didática de zoologia

A coleção didática de zoologia é a pauta desta edição do UFPA Ensino. O projeto denominado “Organização da coleção didática de zoologia para melhoria do ensino e aprendizagem ativa em Biologia” é coordenado pela professora Roberta de Melo Valente, do Instituto de Ciências Biológicas da UFPA. No bate-papo, com a jornalista Elissandra Batista, a professora Roberta destaca a importância da coleção na aprendizagem dos estudantes e os desafios no processo de curadoria.

A organização da coleção didática de zoologia se mostrou necessária assim que a professora Roberta começou a dar aulas na Universidade. Segundo ela, não havia animais disponíveis para as aulas práticas da disciplina, e, como os animais precisam ser manipulados e dissecados, também era inviável emprestá-los de outras coleções. Em 2019, o projeto foi submetido ao Labinfra da UFPA. Com os recursos do edital, hoje a iniciativa atende aos padrões internacionais de coleções didáticas.

Após a melhoria da infraestrutura, o ensino ativo da Biologia foi o próximo passo a ser aprimorado. Para isso, os modelos didáticos começaram a ser construídos. Eles surgiram porque os animais são danificados durante os estudos, e a reposição é difícil já que exige a coleta na natureza. Os modelos consistem em animais superdimensionados e em 3D, que são coloridos para enfatizar as características diagnósticas de cada um.

“Isso impulsionou o ensino e a aprendizagem, porque um animal que eu tinha que dizer ‘olha aí no microscópio, ele tem essa pecinha branca’, eu mostro hoje no modelo. Então, o aluno vê no modelo e vê no animal. Continua, de fato, tendo a prática do estudo no animal, no microscópio, mas ele tem o modelo para auxiliar”, comenta Roberta.

Os modelos didáticos são criados pelos estudantes de Biologia, como mais uma forma de desenvolver a aprendizagem ativa. A partir de fotos 3D, da dissecação dos animais e dos conceitos aprendidos em sala, os alunos montam os modelos, sob a supervisão da professora. As peças da coleção são produzidas em feltro – pelúcia – e em massa de biscuit.

Os modelos de feltro são coloridos de forma a evidenciar as características diagnósticas e a pelúcia foi inserida para “quebrar a imagem de nojo que as pessoas têm dos animais”, destaca a professora. As peças moldadas em biscuit são mais parecidas com o animal real, em cores e formatos. Além disso, todos os modelos didáticos acompanham as fases do desenvolvimento dos animais – da larva ao adulto, por exemplo.

Extrapolando as salas de aula e laboratórios do Instituto de Ciências Biológicas, a coleção didática de zoologia já foi utilizada em uma escola do município de Barcarena, com uma turma da Educação para Jovens e Adultos, EJA. A professora Roberta conta que a coleção foi muito bem recebida pelos alunos, que participaram ativamente das discussões e se impressionaram, sobretudo, com os modelos superdimensionados.

Para a professora, o retorno dos estudantes é gratificante: “Você percebe nos suspiros, nos olhares, com os alunos dizendo que entenderam. (…) Imagina poder tocar em uma peça que, de 1 milímetro, foi transformada para 30 centímetros? Então, muda totalmente a aprendizagem ativa.”

Além do projeto da coleção, a professora está desenvolvendo um aplicativo em conjunto com os discentes, para identificação de insetos. O app dispõe de um acervo com informações sobre eles, assim como mostra as fases do desenvolvimento de cada um. Roberta Valente reitera que o app e a coleção didática, em conjunto, abrangem o tripé ensino, pesquisa e extensão na zoologia.

Para conhecer mais sobre a organização da coleção didática de zoologia para melhoria do ensino e aprendizagem ativa em Biologia, não perca a íntegra do programa UFPA Ensino, que vai ao ar toda quarta-feira, às 11h, com reprise às sextas-feiras, às 20h.

Apresentação: Elissandra Batista

Produção, roteiro e reportagem: Giovanna Martini

Gravação e montagem: João Nilo

Imagem: Acervo do projeto

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