Reitor faz balanço da UFPA na COP

“Entrevista Gilmar Mendes”

UFPA Entrevista

Rádio Web UFPA

REITOR FAZ BALANÇO DA PARTICIPAÇÃO DA UFPA NA COP 30 E ANUNCIA NOVO CAMPUS EM CAPANEMA

Em entrevista especial à Rádio Web UFPA, gestor faz balanço da participação da universidade na COP 30, destaca legado da Cúpula dos Povos e projeta avanços para 2026.

Por Jackeline Souza

A participação da Universidade Federal do Pará na COP 30 colocou a instituição em evidência no cenário internacional. O reitor Gilmar Pereira avaliou os impactos da conferência realizada em Belém e ressaltou que novembro de 2025 representou “uma experiência singular e plural” para a UFPA, marcada pelo encontro entre ciência, saberes tradicionais e mobilização social, mas também ousadia.

A instituição foi a única universidade do mundo com estande próprio no espaço, onde realizou cerca de 80 eventos com embaixadores, ministros, pesquisadores e organizações de vários países. “Muita gente se surpreendeu ao ver uma universidade amazônica ocupando esse lugar. Fizemos questão de mostrar quem somos e a força da nossa produção científica”, disse o reitor.

Para Gilmar Pereira, pesquisador dos desafios de uma educação cada vez mais inclusiva e com uma trajetória singular, de operário à reitor da maior universidade pública do Norte do país, o maior destaque dos grandes debates que colocaram Belém como centro do mundo foi a força da Cúpula dos Povos, evento autônomo e popular, considerado por ele, determinante para ampliar o diálogo dentro da própria COP.

Durante cerca de uma semana, de 12 a 16 de novembro, o campus do Guamá se tornou um grande território de movimentos, organizações e grupos sociais de 61 países. O evento recebeu um fluxo diário estimado em mais de 20 mil pessoas, além da Aldeia COP, que acolheu, na Escola de Aplicação da UFPA (NPI), cerca de 4 mil indígenas. A universidade se transformou em um grande espaço de debates, rituais, feiras, rodas de conversas e atividades científicas e culturais.
Nesse sentido, segundo Gilmar Pereira, “a COP também foi feita pela Cúpula dos Povos, e esse também era um grande desafio nosso, chamar a atenção para uma COP diferenciada de todas as outras. Uma COP em que houvesse influência dessas comunidades nesse processo.” diz ele. E completa: “A gente pode ver isso muito bem, e eu fico muito feliz de poder ver que os movimentos sociais deram um tom muito especial para essa COP”, afirma o reitor.

Segundo ele, esta foi a primeira COP da história em que resoluções oficiais mencionaram explicitamente povos indígenas, populações afrodescendentes e questões de gênero, um resultado que, em sua avaliação, reflete a incidência das atividades realizadas no campus. Um dos pontos mais enfatizados pelo reitor foi a convivência entre o saber científico produzido na UFPA e os conhecimentos tradicionais trazidos por quilombolas, ribeirinhos e povos indígenas.

“Eu tenho certeza que essas citações têm a ver com o papel da Cúpula dos Povos, com o papel da Aldeia COP lá na Escola de Aplicação. A floresta em pé, depende de quem vive nela. O saber tradicional tem o mesmo valor que o saber acadêmico. Muitas vezes o que fazemos aqui é sistematizar o conhecimento que essas comunidades já possuem pela experiência”, completa.

Para o reitor da UFPA, a COP deixou à universidade o desafio de dar continuidade a essa aproximação, garantindo a inclusão e permanência de estudantes de comunidades tradicionais.
Além disso, a ciência da Amazônia foi destaque na Zona Azul da COP, área destinada a representantes oficiais e negociadores internacionais na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas. O reitor destacou ainda que a participação na COP 30 ampliou parcerias com instituições da França, Alemanha, América Latina, África e Ásia, fortalecendo a internacionalização da UFPA.
UFPA expande interiorização e confirma Campus Capanema.

Na segunda parte da entrevista na Rádio Web UFPA, o reitor anunciou uma importante conquista, o credenciamento do Campus Capanema, por meio de portaria do Ministério da Educação, publicada na quarta-feira (26), consolidando a presença da Universidade no nordeste do Pará. Embora já dispusesse de estrutura física, “agora vamos poder formar seu próprio quadro docente e técnico, abrir cursos independentes e receber alocação orçamentária própria”, explica ele. Inicialmente, serão ofertados os cursos de Direito e Libras, com atividades previstas para começar em 2027 e seleção pelo Enem de 2026, totalizando 80 vagas para estudantes.

Para o reitor Gilmar Pereira, a conquista é histórica e responde a demandas antigas por formação profissional, especialmente em áreas estratégicas como inclusão e acesso à justiça. O novo campus também reforça a estratégia de interiorização da UFPA e fortalece uma tríplice frente universitária ao lado dos campi de Salinópolis e Bragança.
“É uma expansão necessária, uma região que congrega em torno de 500 a 600.000 mil pessoas que vai ter o seu campus, que responde às demandas da população local e fortalece o compromisso da UFPA com o desenvolvimento regional” afirmou o reitor.


Um legado que se projeta para o futuro

Ao revisitar os dias intensos da COP 30, o reitor Gilmar Pereira afirma que a participação da UFPA foi muito além de receber um grande evento internacional, a conferência abriu uma nova fase na história da universidade.

A COP também expôs responsabilidades que, segundo o reitor, precisam ser assumidas com firmeza. Entre elas, ampliar as políticas de permanência voltadas a estudantes indígenas, quilombolas e ribeirinhos; fortalecer a extensão universitária como prática transformadora; e consolidar as novas parcerias internacionais abertas pela conferência. Para Gilmar, esse é o momento de reafirmar a vocação da UFPA como instituição que pensa e constrói o desenvolvimento amazônico junto das populações que mantêm a floresta de pé.

Ao final, o reitor resumiu o sentimento que marcou o encerramento da Cúpula dos Povos e, simbolicamente, a própria COP, na certeza de que a UFPA sai maior do que entrou.
“A Amazônia falou, foi ouvida e se apresentou ao mundo com a força dos seus saberes, e é essa herança, que deve guiar a universidade nos próximos anos, reforçando seu compromisso histórico com a ciência, a diversidade e a defesa dos povos e territórios amazônicos.” destacou.

O UFPA ENTREVISTA É UMA REALIZAÇÃO DA RÁDIO WEB UFPA
APRESENTAÇÃO E ROTEIRO: ROSANE STEINBRENNER 
PRODUÇÃO E GRAVAÇÃO DE VÍDEO: BRENO REIS, MAIARA GÓES E ÁLVARO AMARAL
GRAVAÇÃO DE AÚDIO E MONTAGEM: JOÃO NILO 
COORDENAÇÃO GERAL: PROF. DRA. ROSANE STEINBRENNER 

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