O Brasil tem vivenciado tragédias envolvendo barragens e rejeitos da mineração, como nos casos de Mariana e Brumadinho (MG) e Barcarena (PA), afetando as populações locais, a fauna e a flora, além das atividades econômicas dessas regiões. Nesta edição do UFPA Pesquisa, tratamos da segurança das barragens no território brasileiro.
Participam do programa, Luziane Mesquita, doutora em geografia física que desenvolve pesquisas acerca dos riscos geomorfológicos e geotécnicos de barragens no estado do Pará; e também André Farias, professor do Núcleo de Meio Ambiente da UFPA (NUMA) e doutor em desenvolvimento socioambiental. Ambos alertam sobre os riscos envolvidos na má gestão e para falhas no planejamento dessas estruturas que nos casos recentes causaram danos ambientais e deixaram um rastro de vítimas humanas.
Após os desastres citados acima a população brasileira ficou apreensiva devido à quantidade de barragens existentes no país, que antes não eram contabilizadas apropriadamente, especialmente pela proximidade dessas estruturas de centros urbanos ou cidades com populações consideráveis. A pesquisadora Luziane Mesquita estima que haja 25 mil barragens espalhadas pelo Brasil divididas entre empreendimentos na área da mineração e de hidrelétricas. No contexto regional, ela afirma que existem 104 barragens só no estado do Pará.
Para André Farias, a proliferação dessas estruturas se deve ao fato do Brasil ser uma economia periférica no sistema capitalista vigente, cumprindo o papel de exportador de commodities (produtos ou bens primários produzidos em larga escala e com pouco valor agregado). Nesse contexto, o foco das indústrias do ramo é explorar esses recursos de forma que exijam menos gastos, deixando em segundo plano questões de planejamento e precauções que normalmente requerem mais investimentos. O pesquisador também ressalta que a legislação ambiental brasileira é relativamente avançada no que tange à preservação do bioma, porém a atuação dos órgãos de fiscalização ambiental é insuficiente para coibir casos de crimes ambientais e punir responsáveis por estes tipos de tragédias.
“Grande parte desses empreendimentos nas próximas décadas, grandes hidrelétricas vão ser construídas na Amazônia então a gente ainda vai continuar refém desses grandes empreendimentos, e a mineração também deve expandir concomitantemente a essas demandas do mercado internacional […] então eu acho que a universidade pode atuar dessa forma, de uma educação preventiva, levar esse conhecimento, levar esse alerta”, defende a pesquisadora Luziane Mesquita.
Para saber mais sobre a realidade das barragens no Brasil, sintonize-se no UFPA Pesquisa.
Apresentação: Elissandra Batista
Produção e roteiro: Gabriel Souza
Gravação e montagem: João Nilo e Lauro Feio
Supervisão e edição: Elissandra Batista e Fabrício Queiroz
O UFPA Pesquisa vai ao ar todas as quintas-feiras, às 10h e 21h.
Horários alternativos de exibição: sexta-feira, às 15h / domingo: às 10h