“Ciberpublicidade e Violência”
UFPA Ensino
Rádio Web UFPA
Ciberpublicidade e Violência é o tema em destaque nesta edição do UFPA Pesquisa. No bate-papo, a jornalista Elissandra Batista conversa com o professor Guilherme Nery Atem. Doutor em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, o pesquisador integra o quadro docente da Universidade Federal Fluminense (UFF/RJ). Além disso, é vice-presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores de Publicidade (ABP2), que, em maio de 2023, realizou, na UFPA, o XIII PROPESQ-PP (Encontro Nacional dos Pesquisadores em Publicidade e Propaganda).
No UFPA Pesquisa, Guilherme Atem destaca a origem do conceito de Ciberpublicidade, desenvolvido durante os estudos do Grupo de Pesquisa ReC: retórica do consumo – UFF/CNPq. Assim, de acordo com o pesquisador, a Ciberpublicidade tem como base o conceito de Cibercultura, que se caracteriza pela relação mútua entre o online e o off-line. Ou seja, a vida no mundo físico e concreto em consonância com o mundo via Internet.
“Desde o início, a gente pensou a Ciberpublicidade exatamente dessa maneira. São as formas da tendência da publicidade, tanto o fazer publicitário do dia a dia do profissional, quanto as maneiras que a publicidade tem hoje de fazer as marcas entrarem em contato com os consumidores. Então, a Ciberpublicidade é um pouco isso. Ela não trabalha só com essa cultura do consumo e da publicidade na Internet ou no online. Ela trabalha com essa interação entre o que está dentro e o que está fora do digital. Mas sempre mostrando as interferências mútuas, do mundo concreto no virtual mas também do virtual no mundo concreto”, explica Guilherme Atem.
Diante desse cenário, o professor Guilherme, atualmente, trabalha em uma pesquisa denominada “Discurso e Ideologia na Ciberpublicidade”, que pretende mapear e compreender criticamente os processos de discursivização de ideologias fascistas, especialmente, presentes na lógica das chamadas fake news ou desinformação. “Por exemplo, no caso das propagandas ideológicas de uma certa extrema direita, obviamente, que estão fazendo uma propaganda ideológica mas tem interesses mercadológicos por trás”. Assim, a pesquisa do professor Guilherme ultrapassa o valor mercadológico dessas propagandas e publicidades para focar e avaliar no interesse de reprodução e difusão dos discursos de ódio.
De acordo com o pesquisador, a publicidade é sustentada, basicamente, no tripé: relevância, interatividade e experiência. Exatamente o que se percebe na difusão dos discursos de ódio que da mesma forma que as outras propagandas têm que ter relevância para aquele grupo que está difundindo. Além disso, as pessoas querem interagir com as narrativas, o que tem a ver também com a forma e não só com o conteúdo. “E, por último, a experiência é igualzinha a experiência produzida pelas marcas que fazem ciberpublicidade super avançada. É a mesma coisa na desinformação ideológica. Tem haver com a questão de mobilização de afetos, de pegar os afetos e trabalhar esses afetos do ponto de vista da desinformação, por parte desses grupos de extremistas”, reforça Guilherme Atem.