Em maio de 1973, uma menina de 8 anos de idade foi raptada, drogada, estuprada, morta e carbonizada por jovens de classe média alta, na cidade de Vitória (ES). O caso que ficou conhecido como Araceli, o nome da criança, chocou o País, mas até hoje não foi devidamente esclarecido e nem punido. Mas a data do desaparecimento de Araceli Crespo, 18 de maio, agora é sinônimo de luta e de combate a um grave problema no Brasil: o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes.
De acordo com dados do Governo Federal, divulgados em 2017, somente nos anos de 2015 e 2016, 37 mil casos de denúncias de violência sexual na faixa etária de 0 a 18 anos foram recebidos pelo Disque 100. Apenas em 2016, foram 17,5 mil casos, 72% referentes aos crimes de abuso sexual e 20% sobre exploração sexual. As outras ligações estavam relacionadas a outras violências como o estupro, por exemplo.
No Pará, a Fundação Pro Paz, órgão que presta assistência às vítimas de violência no Estado, registrou de novembro de 2004 a dezembro de 2016, 15.618 atendimentos de crianças e adolescentes. Deste total, 1.682 casos somente em 2016. As estatísticas ainda mostram que o estupro de vulnerável lidera as ocorrências com 38,4%, seguido de suspeita de estupro, com 23,9% dos casos, e violência física, 19,3%.
Em todo o Brasil, 67,7% das crianças e jovens que sofrem abuso e exploração sexuais são meninas. Os meninos representam 16,52% das vítimas. Os dados também aponta homens (62,5%) e adultos de 18 a 40 anos (42%) como os principais autores dos casos denunciados. Os números revelam a importância de uma rede especializada não só para o atendimento das vítimas, mas, principalmente, para o enfrentamento e prevenção dos crimes que deixam traumas irreversíveis na vida de crianças e adolescentes que sofrem abuso ou exploração sexual.
Para entender melhor o tema e a ajudar a contribuir no combate a essa realidade, não perca esta edição do UFPA Pesquisa. Participam do programa: a professora Milene Xavier Veloso, da Faculdade de Psicologia da UFPA e coordenadora do projeto de pesquisa “Violência contra crianças e adolescentes: indicadores e estratégias de enfrentamento”; e, ainda, Fernando Augusto Costa, graduado em Geografia e Turismo e Conselheiro Tutelar, no município de Ananindeua, Região Metropolitana de Belém.
Apresentação: Fabrício Queiroz
Produção e roteiro: Roberta Pureza
Gravação e montagem: João Nilo Ferreira
Supervisão e edição: Elissandra Batista e Fabrício Queiroz.
O UFPA Pesquisa vai ao ar toda quinta-feira, às 10h, com reprises às 21h, e também às sextas, às 15h, e aos domingos, às 10h.