Evolução e as contribuições de Darwin para a ciência

O Dia de Darwin, comemorado em 12 de fevereiro, foi instituído para celebrar o aniversário de nascimento do naturalista inglês Charles Robert Darwin, mas também, as suas descobertas, o pensamento científico, a evolução e a humanidade. E para esclarecer um pouco mais sobre as contribuições da Teoria Evolutiva de Charles Darwin e como as pesquisas em torno da evolução estão sendo desenvolvidas na Universidade, esta edição do UFPA Pesquisa destaca o tema Evolução.

Os convidados do Programa são Leonardo dos Santos Sena, professor de Genética do Instituto de Ciências Biológicas (ICB/UFPA) e coordenador da Liga Acadêmica de Genética da UFPA (LAGEN), e Dejair da Silva Duarte, graduando do curso de Ciências Biológicas da UFPA, membro do Laboratório de Citogenética Humana do ICB e, também, presidente e co-fundador da LAGEN.

A ideia de Evolução é relativamente antiga. Algumas pessoas já haviam percebido que os organismos vivos poderiam mudar com o tempo. Mas, até 1859, antes da publicação de “A origem das Espécies” por Charles Darwin, não se tinha ideia por meio de qual mecanismo esse processo poderia acontecer. Em 1831, Charles Darwin teve a oportunidade de iniciar uma viagem ao redor do mundo no navio Beagle, da Marinha Real Inglesa, e passou cinco anos coletando espécies, podendo refletir sobre o porquê de as espécies coletadas serem diferentes entre si. E, ao retornar à Inglaterra, ele já tinha uma ideia de qual mecanismo poderia ser utilizado para explicar essa modificação.

“O mecanismo proposto por Darwin foi a seleção natural. Alguns organismos seriam diferentes dentro da população e teriam mais vantagens que outros, podendo ter um número maior de descendentes. Os que tivessem maior número de descendentes aumentariam de frequência na população e, se esse maior número de descendentes fosse causado por algum aspecto particular da biologia – uma característica morfológica ou fisiológica, por exemplo, ele faria, também, com que essa característica aumentasse de frequência na população, ao longo de várias gerações. Em milhares ou milhões de anos, as populações das espécies iriam se modificar. E esse é um ponto da Teoria de Charles Darwin e foi uma grande contribuição que ele deu para o entendimento da Teoria Evolutiva”, explica o professor Leonardo Sena.

Darwin demorou vinte anos para publicar o livro “A origem das espécies”, pois tinha um receio muito grande sobre qual seria a reação da sociedade inglesa às suas colocações. Afinal, ele estava propondo um mecanismo natural que contrariava o pensamento religioso da época. Mas, ao receber uma carta de um jovem naturalista inglês chamado Alfred Russell Wallace, que chegou às mesmas conclusões, Darwin resolveu fazer um pronunciamento, mostrando que os dois pesquisadores chegaram ao mesmo tempo na mesma explicação para a Evolução.

“Naquele momento, Darwin esperava uma reação muito forte da sociedade, inclusive, da comunidade científica que, na época, era formada por várias pessoas com forte pensamento religioso. Como ele havia previsto, houve uma reação. Não exatamente no momento da apresentação da teoria, mas na publicação do livro. Os leitores acabaram tendo certa aversão à teoria e, infelizmente, até hoje essa visão da teoria darwiniana da evolução – como se fosse algo que viesse contra a religião – ainda permanece”, conta Leonardo Sena.

Apesar disso, hoje a proposição de Darwin é bastante difundida, sendo, inclusive, parte dos currículos escolares na educação básica. Para o estudante Dejair Duarte, contudo, ainda há dificuldades para o ensino da teoria evolutiva. “Muitos professores acabam transmitindo o conhecimento sobre a evolução de forma bastante teórica. Apesar de ser uma teoria, a evolução é baseada em evidências, naquilo que podemos observar tanto no ambiente quanto na sociedade. E repassá-la de forma muito teórica acaba por dificultar na aprendizagem dos alunos”, explica o graduando de Ciências Biológicas.

Para aprofundar os conhecimentos sobre o assunto e divulgar as contribuições da teoria evolutiva para a ciência, bem como sua importância para novos estudos, pesquisadores do mundo todo realizam o Darwin Day, que há dois anos também ocorre na UFPA, organizada pela Liga Acadêmica de Genética, que em 2017 discutiu o tema “A teoria evolutiva precisa ser repensada?”.

Para o professor Leonardo Sena, este é um debate importante no meio acadêmico e também para a realidade amazônica.  “Vivemos em uma região que possui a maior biodiversidade do mundo, mas ainda é pouco estudada. Além disso, uma parte dessa biodiversidade está sendo perdida a cada dia. É preciso que nas Ciências Biológicas os alunos tenham um a visão mais ampla da complexidade dos seres vivos e não somente dentro de suas áreas. Precisam levar sempre em consideração a evolução e a genética, pois compreendemos pouco sobre os mecanismos evolutivos. É importante que os novos pesquisadores consigam pensar e refletir esses problemas e como podem aplicar os seus conhecimentos para resolver os problemas locais da região”, enfatiza o professor.

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