Populações Indígenas é o tema desta edição do UFPA Pesquisa.
As convidadas são a professora Denise Machado Cardoso, coordenadora do Grupo de Estudos sobre Populações Indígenas Eneida Corrêa de Assis (GEPI) e Cristiane Modesto, estudante do curso de Ciências Sociais da UFPA e bolsista no GEPI, que é vinculado ao Laboratório de Antropologia Arthur Napoleão Figueiredo, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH/UFPA).
O nome do Grupo é uma homenagem à professora fundadora. Referência no assunto, Eneida Corrêa de Assis lançou os estudos sobre etnologia indígena na Universidade. “Quando ela completou dois anos de falecida, o grupo decidiu que não se chamaria apenas GEPI, mas também Eneida Corrêa de Assis, uma homenagem a ela e uma intenção de marcar a sua memória, que ela permaneça como inspiradora, tanto do que foi criado, mas também em nossos trabalhos vindouros”, explica a atual coordenadora Denise Machado.
Criado em 2009, o objetivo do GEPI é realizar estudos com responsabilidade ética e retorno às populações estudadas, a partir de suas demandas e por meio de ações de pesquisa, ensino e extensão. Na UFPA, o Grupo acompanha os estudantes indígenas da Instituição. “Existe uma associação de estudantes indígenas da UFPA. Então, a gente sempre faz um acompanhamento desde a inscrição no vestibular, no processo seletivo de pós-graduação e, também, nos editais, além das pesquisas”, conta Denise Machado.
Cristiane Modesto é graduanda em Ciências Sociais na UFPA e bolsista do GEPI. Há cerca de quatro anos, ela ingressou no projeto Educação Escolar Indígena. “Partimos do teórico, mas foi ao prático. Fomos às aldeias acompanhar como estava se dando a questão da educação escolar indígena nestes locais”, relembra.
Educação, saúde e território formam o tripé que sustenta qualquer ação ou estudo voltado para os povos indígenas. E a questão da territorialidade é uma das principais preocupações. “Ao mesmo tempo em que a legislação surge, a partir dos movimentos sociais, há sempre uma ameaça, seja pelos empresários, por latifundiários, o agronegócio ou a mineração. São várias as pressões e há todo o imaginário de que índio tem terra demais, no Brasil”, afirma a professora Denise Machado.
Com seis linhas de pesquisa, o GEPI também garante a mudança no olhar, quebrando estereótipos e preconceitos existentes em nossa sociedade, como afirma a estudante Cristiane Modesto. “A gente percebe que há pessoas com uma visão da cultura estática. Então, se um índio está usando celular, para muita gente, ele deixa de ser indígena. E a gente sabe que não é assim.”
A inserção do aparato tecnológico nas comunidades, o fortalecimento e a resistência do movimento indígena, e, ainda, a polêmica discussão em torno da PEC-215 também estão em pauta neste UFPA Pesquisa. Não perca!
Texto: Hojo Rodrigues