Psicoterapia em ambientes virtuais

Quando você pensa em psicoterapia, o que imagina? Uma pessoano consultório particular de um terapeuta, certo? Pois saiba que esse formato tradicional de psicoterapia é apenas uma das modalidades existentes hoje em dia e que fazer psicoterapia pode significar, ao invés de ir a um consultório, apenas abrir o seu e-mail.

No Brasil, os atendimentos psicológicos pelos meios virtuais são regulamentados pela Resolução nº 11 de 2012 do Conselho Federal de Psicologia. De acordo com a normativa, podem ser realizados apenas alguns serviços, como orientação psicológica e aplicação de testes psicológicos, que exigem um cadastro prévio do site do terapeuta junto ao Conselho. A psicoterapia propriamente dita só pode ser realizada em caráter experimental, e no país há três pesquisas sendo desenvolvidas sobre a questão: na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e na UFPA.

No UFPA Pesquisa dessa semana, nós conhecemos, então, a pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFPA que realiza a psicoterapia nos meios virtuais, seja por e-mail, seja por videoconferência. Para isso, recebemos a coordenadora do projeto, professora Adelma Pimentel, e as integrantes Lorena Schalken, Gabriela Faria e Sirlene Afonso, que atuam como terapeutas ou co-terapeutas no estudo.

Durante o bate-papo, as convidadas explicam os conceitos de psicoterapia, de psicoterapia focal breve e de Gestalt terapia, que é a abordagem teórica adotada para os atendimentos da pesquisa. Elas citam também concepções como cibercultura e como as sociabilidades e processos de subjetivação são afetados pelas novas tecnologias, que podem trazer vantagens ou desvantagens, dependendo do uso que se faça delas.

As pesquisadoras esclarecem ainda como a pesquisa é desenvolvida: os clientes são selecionados a partir de triagem na Clínica de Psicologia da UFPA, para verificar a adequação ao perfil previsto para o estudo, que são adultos com primeiras vivências de alteração do humor e que tenham as condições necessárias para a realização do atendimento via internet, como conexão satisfatória. Ao longo da psicoterapia, a pesquisa pretende perceber como se dá a sensação de envelhecimento dessas pessoas, independentemente da idade. “Também queremos entender que uso elas fazem das redes sociais na tentativa de reduzir seu sofrimento, como por exemplo por meio de desabafos”, conta a professora Adelma Pimentel.

Dentre as contribuições previstas para o trabalho, as convidadas citam várias: a construção de referenciais para a formação dos psicólogos na área, que atualmente não estudam a questão no currículo; subsídios para a atualização da Resolução nº 11/2012 do CFP; discussões éticas; e a consolidação do manejo clínico para esse novo tipo de atendimento, que tem realidades bastantes diferentes dos atendimentos tradicionais, como a impossibilidade de observação da linguagem corporal do cliente. “Esse trabalho pode nos ajudar a romper mitos dentro da Psicologia em relação a esse tipo de atendimento. Mas não podemos mais ficar alheios a essas demandas, que muitas vezes partem dos próprios clientes”, conta a mestranda Gabriela Faria.

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