Trabalho infantil nos rios do Marajó

O trabalho infantil nos rios do Marajó é o foco desta edição do Universidade Multicampi que destaca o projeto de pesquisa intitulado “Trabalho infantil, reprodução social de famílias ribeirinhas: estudos das particularidades e contradições nos rios do Marajó – Pará”. A entrevistada é a professora Merise Américo, da Faculdade de Serviço Social do campus da UFPA no município de Breves.

A pesquisa referente ao projeto de doutorado da professora Merise trata especialmente sobre o trabalho infantil nos rios do Marajó. Uma realidade que a pesquisadora conhece bem devido a longa experiência viajando como assistente social pelos municípios da região. De acordo com a professora, em um dos rios mais importantes do Marajó, denominado Tajapuru, o comércio ilegal, a pirataria e o trabalho infantil são práticas constantes no cenário.

“Nesse rio há crianças e adolescentes, não só de 14, 15, 16 anos, mas 4, 5, 6, 7 anos que sobem nos navios na mais alta velocidade, não para brincar, mas para trabalhar. Eles sobem para vender camarão, palmito, frutas e também para comer porque os tripulantes acabam dando. Então, eles sobem também para pedir, nas embarcações. E nesse processo também acontece aquilo que é muito conhecido na região do Marajó e que muito já se falou, mas ainda não se trabalhou por dentro da questão do trabalho infantil que é a exploração sexual de crianças e adolescentes”, afirma Merise.

Ainda de acordo com a professora, a situação do trabalho infantil nos rios do Marajó está dentro da classificação da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e também da legislação brasileira que consideram o trabalho infantil nas suas manifestações mais cruéis, que é quando a criança está realmente correndo riscos. E no caso, os perigos são visíveis aos mais variados tipos de violência, como o tráfico de crianças, o escalpelamento e até o risco de morte quando elas atracam nos navios bem próximo a hélice do motor, por exemplo.

“Para o senso comum aquilo ali é natural, há gente inclusive que acha que aquilo ali faz parte da paisagem do Marajó. Mas se você chegar com as crianças, elas mesmas dizem que tão correndo perigo. Mas é dali que tiram o pão de cada dia, é dali que conseguem alguma forma de sobrevivência. É uma realidade que para um senso comum é natural, mas criança é para estudar, para brincar, criança é para se desenvolver enquanto ser em desenvolvimento”.

Durante o programa, a pesquisadora também comenta as dificuldades enfrentadas pela Faculdade de Serviço Social da UFPA no campus de Breves. “São poucos professores no curso de Serviço Social. Hoje, por exemplo, são apenas quatro efetivos. Como sempre, esse é um quadro que nunca realmente aumenta, e tem uma professora substituta e duas licenciadas, mas os quatro professores efetivos têm programas, projetos de extensão. É da própria natureza do serviço social e dos professores de serviço social, a nossa profissão tem esse caráter iminente de ser interventiva, de ser atuante”, afirma a assistente social.

Apresentação: Joel Cardoso
Produção: Joel Cardoso e Helando Fragoso
Gravação e montagem: João Nilo Ferreira
Supervisão e edição: Elissandra Batista e Fabrício Queiroz

O Universidade Multicampi vai ao ar às terças-feiras, às 10h e 21h.
Horários alternativos: Quinta-feira, às 15h; e Sábado, às 19h.

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