Extermínio da juventude negra

O racismo estrutural permanece dentro da sociedade, que perpetua esse pensamento em diversos ambientes e instituições públicas e privadas. Entre as diversas manifestações de ódio e preconceito mais radical está a violência policial e o consequente extermínio da juventude negra. Para os movimentos negros, há uma falta de preparo da polícia para lidar com os casos que frequentemente resultam em mortes.

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), homens e jovens negros, de baixa escolaridade, são os que mais sofrem mortes brutais no Brasil, logo atrás das mulheres negras. O atlas da violência 2018 aponta que os assassinatos contra negros subiram para 23%, enquanto que para brancos caiu 6,8%.

Esses dados alarmantes são resultado de um histórico brutal contra essa população que, mesmo após o fim da escravidão, continua sofrendo com desigualdades sociais e a violência. Um exemplo dessas inúmeras dificuldades é o acesso à educação, uma vez que, de acordo com o IBGE, a quantidade de estudantes negros nas universidades públicas não alcança 10%. O racismo também é fator crucial na perpetuação de estereótipos que cooperam para uma imagem deturpada e marginalizada da população negra.

O doutor em Ciências do Desenvolvimento Socioambiental pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da UFPA e professor da Universidade do Estado do Pará (UEPA), Aiala Colares, acredita que o maior desafio hoje é mostrar que a democracia racial não existe no Brasil. Ou seja, é errado dizer que o racismo não existe aqui. “A implementação de um modelo político que mantém as raízes do racismo, as pessoas que são contra o sistema de cotas, que naturalizam o extermínio na periferia, onde a morte de um jovem negro não vai chocar tanto quanto a morte de um jovem branco num bairro nobre de Belém, são situações que marcam bem essa desigualdade e essa segregação racial. E, acima de tudo, reproduzem essa lógica de racismo”, afirma o pesquisador.

“É difícil falar disso porque nós vivemos isso diariamente. Dos meus amigos de infância, ou eles estão no tráfego ou já morreram. Se a gente perguntar hoje pros jovens no Guamá ou Terra Firme se eles confiam na polícia, eles vão dizer que não. Então, quando o Estado falha, a gente fica numa contradição entre ter que debater sobre esses problemas tão presentes e ter medo de morrer por falar sobre isso nas escolas, nas periferias”, comenta Ingrid Louzeiro, estudante de Pós-Graduação em Combate, Prevenção e Controle a Violência e representante do coletivo de mídia alternativa Tela Firme.

Falar desse tema é dolorido, mas necessário. É essencial que o debate permaneça, a fim de que vidas sejam salvas no presente e futuro. Quer saber mais sobre o tema? Não perca  esta edição do UFPA Debate que trata de Extermínio da Juventude Negra.

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