Divulgada em abril de 2017, uma pesquisa da Federação do Comércio do Rio de Janeiro sobre os hábitos culturais no Brasil revela que 11% dos brasileiros vão a exposições de arte, um aumento de 3% em relação à 2007.
Embora o número ainda possa ser considerado pouco expressivo, é uma prova de que o interesse pela arte tem crescido, levantando questões não apenas estéticas e culturais, mas que também entram no terreno da moralidade, da política e da legalidade, como se viu em dois casos recentes de grande repercussão.
Promovida pelo Banco Santander, a exposição Queermuseu, em Porto Alegre, que trazia obras sobre o universo LGBT, foi cancelada no início de setembro, um mês antes do previsto, após uma parte do público protestar contra algumas obras, acusando-as de promover zoofilia, erotização das crianças e desrespeitar símbolos religiosos.
No final de setembro, uma performance no Museu de Arte Moderna, em São Paulo, provocou reações negativas por envolver a interação entre uma criança e um artista nu.
Os casos levantaram uma série de questionamentos. É possível impor limites à arte? Qual a importância e a necessidade da arte em nossas vidas? Até que o ponto o Direito pode intervir em uma manifestação artística?
Para discutir essas questões, o programa UFPA Debate convidou o pesquisador do grupo “Arte, Corpo e Conhecimento” do Instituto de Ciências da Arte (ICA/UFPA), professor Alberto Amaral; o professor de Artes Visuais da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), Gil Vieira Costa, e a presidente da Comissão de Arte e Cultura da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Pará (OAB-PA), Lenny Carvalho.
O professor Alberto Amaral analisa que há um retrocesso político nos protestos contra às exposições. O professor Gil Viera Costa acredita que as discussões que surgiram foram baseadas em falsas impressões, em um “pânico moral” que serve à uma estratégia política. Já Lenny Carvalho considera que o grande erro da performance em São Paulo foi a entrada de crianças, mas defende o direito dos artistas de expressarem o que quiserem.
Acompanhe esses e outros pontos dessa importante discussão nesta edição do UFPA Debate.
Apresentação: Elissandra Batista
Produção: Leonardo Rodrigues
Gravação e montagem: João Nilo Ferreira