Edna Castro é homenageada com título de professora emérita

A Universidade Federal do Pará concedeu o título de professora emérita à Edna Castro. A homenagem é um reconhecimento à trajetória dedicada ao ensino, à pesquisa, à extensão e à transformação das relações entre a universidade e a sociedade.

Edna Castro se graduou em Ciências Sociais e tem mestrado e doutorado em Sociologia. Desde 1973, é docente da UFPA e realiza estudos sobre questões que envolvem os processos históricos de formação da sociedade brasileira e o impacto das políticas de desenvolvimento na Amazônia.

A influência desse trabalho repercutiu na formação de vários estudantes e pesquisadores. Da mesma forma, ela é admirada e reconhecida por professores de diferentes áreas. “A Edna é, com toda a força da palavra, uma liderança acadêmica de gigante magnitude. Ela liderou processos de construção de conhecimento, mas também de relações de diversos tipos institucionalizadas ou não, por toda parte. Na nossa instituição, foi um dos trilhos fundamentais que trouxeram-na até aqui e tornaram o NAEA o que ele é hoje”, disse Francisco de Assis Costa, do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos.

Já Violeta Loureiro, do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA), destacou a capacidade criativa da docente. “A Edna tem sido uma professora incansável e uma pesquisadora brilhante. Uma pesquisadora que nunca faz uma pesquisa sozinha, ela sempre agrupa alunos, ela inicia, ela é uma formadora de pensamento”.

A cerimônia de outorga do título de professora emérita foi celebrada por membros da Administração Superior, familiares, amigos, orientandos e colegas de trabalho. A professora Édila Moura, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, foi responsável pelo discurso de homenagem e descreveu Edna Castro como uma pesquisadora dedicada, uma professora apaixonada, uma administradora competente e uma ativista incansável.

A cineasta e professora Jorane Castro ressaltou o espírito crítico, criativo e combativo da mãe, que para ela é uma grande inspiração. “Ela é uma pessoa que faz as coisas por amor, por respeito à ciência e ao que ela acredita, então eu acho que herdei um pouco essa vontade de fazer as coisas da maneira que eu faço. Eu tenho essa abordagem um pouco similar que é de se jogar com muita paixão dentro de uma ideia, de que você pode através de alguma pesquisa talvez transformar o mundo, talvez transmitir ideias para outras pessoas”.

O reitor da UFPA, Emmanuel Tourinho, abordou a hostilidade que a ciência e as universidades tem enfrentado nos últimos anos. Para ele, a atividade acadêmica é um exercício diário de resiliência e luta e, por isso, a celebrar a trajetória da professora Edna Castro representa também uma homenagem ao conhecimento, à inteligência e ao compromisso com os povos da Amazônia.

“É uma acadêmica de uma enorme capacidade intelectual, é uma acadêmica que se ocupa das questões mais importantes e desafiadoras da nossa realidade social e é uma ativista social, ela leva esta produção científica aos ambientes da sociedade que precisam ter acesso a esse conhecimento, inclusive para construir a luta em defesa da Amazônia e construir políticas públicas em favor da população da Amazônia”, afirmou o reitor.

Mesmo em um momento de comemoração, Edna Castro não deixou de demonstrar preocupação com questões que afligem a sociedade. A professora abordou os ataques à produção científica, ao sistema brasileiro de pós-graduação e à atividade docente. Além disso, destacou a importância da liberdade de cátedra e o papel das universidades na transformação da realidade social.

“Essa universidade tem muita pesquisa, essa universidade tem um potencial de conhecimento em todas as áreas. Vamos fazer alguma coisa para que esse conhecimento seja social. Para quê conhecimento se não podemos compartilhar? Para que o conhecimento se não podemos mudar a realidade?”, provocou a professora emérita.

Atualmente, as pesquisas de Edna Castro são marcadas pelas referências da Economia Política e dos estudos pós-coloniais e decoloniais. Nessas investigações, ela denuncia, por exemplo, a violação de direitos e os crimes socioambientais provocados pelo capital e a mineração.

Para ela, descolonizar o pensamento é uma postura epistêmica, política, contextualizada e uma alternativa para enfrentar esses e outros problemas. “A forma que tem de se descolonizar é pelo conhecimento. É transformar o imaginário, é descolonizar e aí você muda a estrutura de poder”, afirma.

Algumas das produções mais recentes de Edna Castro estão disponíveis para download. Confira, o “Dossiê Desastres e Crimes da Mineração em Barcarena, Mariana e Brumadinho” e o livro “Decolonialidade e Sociologia na América Latina”.

Reportagem: Fabrício Queiroz
Edição: João Nilo Ferreira
Foto: Laís Teixeira (Ascom UFPA)

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