EPCA 2019 debate democracia e resistências

Comunicação e resistências: ameaças à democracia, lutas por reconhecimento e políticas do cotidiano é o tema do terceiro Encontro de Pesquisa em Comunicação na Amazônia (EPCA 2019). O evento, que reúne debates acadêmicos e político- metodológico, é organizado por alunos e professores do Programa de Pós-Graduação Comunicação, Cultura e Amazônia da UFPA e do Programa de Pós-Graduação Comunicação, Linguagens e Cultura da UNAMA.

Elias Santos Serejo, da comissão organizadora do evento, enfatiza a importância de discutir a temática diante à atual situação da pesquisa científica no Brasil. “Nós escolhemos debater no evento o tema comunicação e resistências, porque nós tivemos vários ataques à produção científica no Brasil, sobretudo nas áreas das ciências humanas e ciências sociais aplicadas. Porque a gente tem um governo protofascista que tem atacado cotidianamente os direitos do trabalhador, cotidianamente as ditas minorias políticas, movimentos progressistas que lutaram para garantir reconhecimento, políticas públicas de fato que tornem, de fato, o Brasil um país mais igualitário. Esse debate precisa vim pra academia. A academia precisa discutir isso. Nós precisamos entender o quê que, do ponto de vista de uma construção científica tem sido feito para tentar desconstruir paradigmas e pensar isso a partir do campo da comunicação, em uma região como a nossa, que é a região amazônica, é fundamental”.

Para discutir o tema, a programação envolve oito grupos de trabalho e 63 artigos selecionados para apresentação no segundo dia do evento. O mestrando Raphael Castro explica um pouco sobre seu trabalho denominado “Reflexões iniciais sobre a pesquisa em Comunicação e a necessidade de uma postura decolonial”, que será exposto no grupo de trabalho “Comunicação, Etnicidades e Cidadania”:

Eu enviei um artigo para o EPCA que faz uma reflexão sobre os estudos teóricos em comunicação a partir da minha perspectiva enquanto sujeito, jovem, pesquisador, amazônida, que está adentrando esse mundo da academia, dos estudos mais teóricos em comunicação. Faço umas provocações, também, sobre a necessidade de uma perspectiva decolonial nos estudos de comunicação, já que a comunicação é condicionada pela estrutura e pela cultura da sociedade. A gente precisa também, pensar nos processos coloniais dessa estrutura e dessa cultura na sociedade”, relata.

Além dos grupos de trabalho, comunicação, democracia e resistência estarão em pauta em todas as atividades do EPCA 2019. Uma das mesas de debate vai discutir “Resistências quilombolas e indígenas: trajetórias e lutas por reconhecimento”. Já o tema da conferência de abertura é “A Sociedade Incivil” e será proferida pelo professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Muniz Sodré, um dos mais renomados pesquisadores do país na área de comunicação e cultura. O encerramento será com Cicília Peruzzo, pesquisadora e professora da Universidade Anhembi – Morumbi, referência na área de comunicação popular, comunitária e alternativa no Brasil.

O Encontro de Pesquisa em Comunicação na Amazônia também é uma oportunidade para criar e fortalecer redes de compartilhamento, principalmente, entre os programas de pós-graduação da região. “A gente vai receber aqui em Belém do Pará, na UFPa, coordenadores de programas de pós-graduação em comunicação de toda a região amazônica, que vão debater, vão mostrar como são as estruturas dos programas deles, que tipo de pesquisa são desenvolvidas lá, com o intuito de fazer uma rede de interlocução, de compartilhamento entre esses programas. Para a gente saber o que está sendo produzido, por exemplo, em Rondônia, no Amazonas, no Maranhão e a gente poder, inclusive, criar essas redes de compartilhamento”, explica Elias Serejo

A programação do EPCA 2019 inclui ainda uma Plenária de Jovens Pesquisadores da Amazônia. A intenção é formular uma carta com os interesses dos alunos e em defesa dos investimentos em ciência e educação, especialmente, na região amazônica. “Eu acho que o EPCA é uma oportunidade muito interessante de reunir pesquisadores da Amazônia, que estão vivenciando e pesquisando processos muito peculiares em comunicação aqui nessa região e acho que esse tema deve apontar para os desafios do momento mesmo, acho que é um tema bastante oportuno e a nossa tarefa, nesse evento, é discutir as coisas que estão talvez muito mais urgentes do que a gente imaginasse quando o tema foi pensado”, revela Raphael Castro

Serviço: O terceiro Encontro de Pesquisa em Comunicação na Amazônia ocorre de 20 a 22 de novembro no campus da UFPA no bairro do Guamá em Belém. A programação completa você confere no site.

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