Um ano e nove meses após o rompimento da barragem no Rio Doce, em Minas Gerais, quem passa pelo prédio Mirante do Rio, na UFPA, pode visitar a mostra “Do Rio que era doce ao lado dos trilhos: os danos irreversíveis da mineração”, e ainda participar do ciclo de debates.
O geofísico e estudante de Geologia, Herbert Neves, aproveitou o intervalo das aulas para conferir a exposição. “O que me chamou atenção foi a questão da expansão do desastre que ocorreu em Mariana, e também a questão do despreparo da empresa para evitar esse tipo de tragédia”
Entre os convidados da programação está o professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Luiz Jardim. Ele discutiu em uma aula pública os antecedentes, impactos e ações sobre o desastre de Mariana. “O caso do Rio Doce é o maior rompimento de barragens da história da mineração no mundo, o mais longo, o que teve mais trajeto percorrido, mais de 600 km de lama. Então, ele chama atenção em nível nacional para a questão da mineração, para a questão das barragens da mineração que eram objeto bastante escondido, o rejeito em geral são coisas que a gente não quer ver”.
Outro destaque do evento é o Bate-Papo: os discursos da mídia sobre o desenvolvimento da Amazônia, que ocorrerá nesta quinta-feira, dia 10, às 09h30 da manhã. Segundo a mediadora do debate, professora Rosane Steinbrenner, a mesa vai abordar a construção da ideia de Amazônia e do imaginário amazônico. “Ao mesmo tempo que você tem a Amazônia como uma marca global ligada à questão ambiental, à floresta, ao mesmo tempo, você tem a Amazônia como um resultado de invisibilidade histórica. Então essa é a grande provocação. Essa é a discussão que vamos fazer com a participação dos professores da Faculdade de Comunicação Manuel Dutra e Alda Costa.”
Durante a exposição um dos principais atrativos é o mural é o mural “O Rio que Era Doce”, feito com tintas da terra, da artista argentina Leila Monségur. O objetivo da obra é sensibilizar a sociedade para que a tragédia não caia no esquecimento, como destaca a autora. “Porque nós vivemos numa sociedade que é um desastre em cima do outro, ocorre uma tragédia após a outra, então a ideia era essa de não cair na invisibilidade que afetam a todos nós. E também outra ideia dessa exposição é ainda sensibilizar as pessoas através da arte”.
A mostra, organizada pelo Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração, já passou por São Paulo, e, de Belém, segue para os municípios de Açailândia e São Luiz no Maranhão.
Na UFPA, a programação encerra nesta sexta-feira, dia 11, com o lançamento do Documentário Biográfico da Amazônia (DocBio) sobre a vida e a obra do jornalista Lúcio Flávio Pinto. Esta edição do vídeo, produzido pelo Academia Amazônia, é uma homenagem ao profissional que há 30 anos desenvolve um jornalismo alternativo na região, com o Jornal Pessoal. Após o lançamento do documentário, Lúcio Flávio Pinto vai ministrar a aula pública: “Carajás, um ciclo perdido?”.
Serviço:
Exposição: “Do Rio que era doce ao lado dos trilhos: os danos irreversíveis da mineração”
Local: Hall do Prédio Mirante do Rio, no campus da UFPA, no bairro do Guamá, em Belém.
Visitação: Até sexta-feira, 11.08.2017, das 10h às 20h.
Reportagem: Erlane Santos
Fotos: Divulgação.