Academia do Peixe Frito: interfaces entre Literatura e Jornalismo

O UFPA Pesquisa aborda nesta edição o tema Academia do Peixe Frito: interfaces entre Literatura e Jornalismo, reunindo os pesquisadores Vânia Torres, doutora em Comunicação e professora da Universidade Federal do Pará, e Paulo Nunes, doutor em Letras – Literatura em Língua Portuguesa e professor da Universidade da Amazônia (Unama). Ambos coordenam o projeto de Academia do Peixe Frito: Rebeldia e Negritude no Norte do Brasil, desenvolvido no âmbito do grupo NARRAMAZÔNIA – Narrativas Contemporâneas na Amazônia Paraense.

A Academia do Peixe Frito se refere a um grupo de escritores e intelectuais que atuou na imprensa e no meio artístico de Belém a partir da década de 1920. Entre seus membros destacam-se nomes como Bruno de Menezes, Dalcídio Jurandir e De Campos Ribeiro, que evidenciaram em seus trabalhos as histórias e culturas de populações marginalizadas na estrutura social, como negros e indígenas.

Durante a entrevista, o professor Paulo Nunes chama atenção para a relevância que esses escritores tiverem tanto por sua atuação na literatura e na imprensa, mas principalmente porque contribuíram para uma renovação das artes e da cultura em Belém e na Amazônia a partir de um olhar sobre a negritude e a “indianidade”.

Já a professora Vânia Torres destaca as peculiaridades do grupo a partir do caráter informal de suas reuniões ocorridas em botecos da cidade e barracas do Ver-o-Peso, sempre regadas a cachaça e peixe frito. “O que os diferenciava é que, embora o nome ‘acadêmicos’, eles não eram da academia, eles não eram professores letrados (…). Eles não têm esse saber reconhecido que a gente vai buscar e às vezes se limita ao saber acadêmico, mas ele tem o saber da rua, da vida, dos batuques, dos sambas, da periferia. E se reuniam de forma muito informal/para trocar ali nessas conversas no Ver-o-Peso essas produções, poemas, textos”, diz a professora.

No programa, também se discute sobre a importância do contexto, em que já se vivia o período de crise da economia da borracha e da belle époque amazônica, para a emergência da proposta da Academia do Peixe Frito. “São narrativas que ao demonstrar essa decadência tão mostrando que há virtude na decadência porque, afinal de contas, a belle époque beneficiou a todos? Infelizmente não. O sistema capitalista beneficia uma elite. E esses rapazes que vieram das periferias, eles se aperceberam disso”, afirma Paulo Nunes.

Neste UFPA Pesquisa também conheça mais sobre o documentário Geração Peixe Frito, que apresenta os registros de depoimentos com familiares e contemporâneos desses escritores.

Apresentação: Fabrício Queiroz
Produção e roteiro: Karen Alcântara
Gravação e montagem: João Nilo Ferreira
Supervisão e edição: Elissandra Batista e Fabrício Queiroz

O UFPA Pesquisa vai ao ar todas as quintas-feiras, às 10h e 21h.
Horários alternativos de exibição: sexta-feira, às 15h / domingo: às 10h

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