“UFPA Pesquisa – À sombra da floresta – a Amazônia no jornalismo de televisão”
UFPA Pesquisa
Rádio Web UFPA
A Amazônia no jornalismo de televisão é o estudo em destaque nesta edição do UFPA Pesquisa. Em homenagem ao Dia Nacional do Jornalista, comemorado em 07 de abril, no programa, a apresentadora Elissandra Batista conversa com Vânia Torres Costa, professora do Programa de Pós-graduação em Comunicação, Cultura e Amazônia (PPGCOM) e, também, da Faculdade de Comunicação da UFPA .
Agora em 2023, a pesquisadora lançou o livro “A sombra da floresta: a Amazônia no jornalismo de televisão”, que é uma adaptação da sua tese de doutorado, pela Universidade Federal Fluminense (UFF), no Rio de Janeiro. Na pesquisa, Vânia Torres Costa analisa como os jornalistas da região Sudeste do Brasil constroem a imagem da Amazônia, em diversas reportagens exibidas pelos telejornais da Rede Globo.
“A partir dos meus dados de pesquisa, eu observo que a floresta nas reportagens analisadas vem sempre em primeiro plano. É como se, ao olhar para para a Amazônia, o sudeste brasileiro, eu digo a produção hegemônica do conhecimento brasileiro, visse apenas a floresta, ou seja, apenas uma vazio humano, onde o que prepondera é a floresta. Aquela clássica imagem que se olha do alto para a região de muita mata, muito rio e pouquíssima gente. Assim, quando eu me reporto “À sombra da floresta”, no título do trabalho, eu me reporto a esse vazio, como se os cidadãos estivessem sempre à margem, desaparecidos, invisibilizados à sombra dessa floresta”, destaca Vânia Torres.
Assim, a professora ressalta que a obra trata, principalmente, dos sujeitos amazônicos que são apagados nos mais diversos discursos em benefício da floresta, seja nos livros didáticos, nas produções jornalísticas, na ciência, nas discursões sobre política, etc. Dessa forma, de acordo com a pesquisadora, as grandes redes de televisão buscam valorizar, principalmente, a Amazônia enquanto território primitivo. E, com isso, continuam reproduzindo a ideia criada há mais de 500 anos pelos colonizadores europeus sobre os povos da região. Como exemplo, Vânia Costa ressalta que, em geral, o que se mostra na Rede Globo sobre a Amazônia é uma repetição de pautas estereotipadas, colocando os sujeitos à sombra dessa floresta em grandes projetos de exploração econômica e políticas com discursos de desenvolvimento.
Formada pela Universidade Federal do Pará, Vânia Torres atuou, como jornalista, durante 13 anos na TV Liberal. Acompanhando também os processos da produção televisa nacional, por dentro, ela conta que foi a sua indignação enquanto cidadã amazônida que a motivou a pesquisar sobre às práticas jornalísticas criadas e executadas sobre a nossa região pelos repórteres da principal emissora em rede do Brasil.
“Quando você produz e repete essa relação histórica sobre a região, você está contribuindo para a valorização desse olhar do centro para a periferia, para esse olhar do colonizador sobre o colonizado”, explica a pesquisadora. Ela reforça, também, que a culpa não é do jornalista, mas da estrutura histórica que fortalece ainda hoje as relações estabelecidas pelos grandes centros políticos de poder, que refletem os processos entre colonizadores e colonizados.
No UFPA Pesquisa, a professora também destaca um pouco do trabalho de transformação da tese de doutorado em livro. Uma forma de oferecer ao público em geral o estudo acadêmico de maneira mais acessível, para ler e entender todo o trabalho de pesquisa, que aponta para reflexões e mudanças urgentes no modo como os jornalistas e demais produtores de conhecimento do Sul e Sudeste do Brasil enxergam a Amazônia e toda a sua diversidade de povos e manifestações artísticas e culturais, por exemplo.
‘’Espero que as pessoas possam acessar, que tenham curiosidade de ver esse material que está disponível e que foi feito com tanta dedicação e profundidade” completa Vânia Torres, destacando que o livro pode ser comprado de forma virtual no site da editora Paka-Tatu: www.editorapakatatu.com.br/
Apresentação: Elissandra Batista
Produção e roteiro: Denily Carvalho
Gravação e montagem: Denize Ramos e João Nilo
Supervisão e edição: Elissandra Batista
Imagem: Suely Nascimento