ArticulaFito: Cadeias de Valor em Plantas Medicinais

ArticulaFito: Cadeias de Valor em Plantas Medicinais é a pauta desta edição do UFPA Pesquisa. A iniciativa é desenvolvida desde 2015 pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Sobre o trabalho, a jornalista Elissandra Batista conversa, no programa, com a coordenadora técnica e executiva do ArticulaFito, Joseane Carvalho Costa, que é belenense e começou a carreira de professora e pesquisadora na Universidade Federal do Pará (UFPA), e hoje está à frente do projeto que tem o objetivo de mapear espécies vegetais nativas, para compreender como se dá a produção e o uso sustentável dessa biodiversidade.

“A Fundação Osvaldo Cruz trabalha com isso em uma perspectiva não penas monetária, por isso que a gente chama de cadeia de valor, mas sim em uma perspectiva da relação entre o homem e o ambiente, no sentido da sustentabilidade e da produção da saúde. Isso porque a gente sabe que se a gente não tem uma economia, não tem segurança alimentar, nem justiça ambiental, nem saneamento básico, a gente também não tem saúde”, destaca a professora Joseane. Ela reforça ainda que o ArticulaFito trabalha a questão da saúde em uma perspectiva bem ampliada “o que na verdade significa dizer o bem viver, a qualidade de vida. Então saúde não é medicamento é vida boa, a vida com qualidade”.

Os resultados do projeto ArticulaFito foram apresentados recentemente em seminário online denominado “Cadeias de Valor em Plantas Medicinais e a Agenda 2030: contribuições da sociobiodiversidade para reflexão sobre novos modelos de produção para a preservação da vida e da saúde no planeta”. O mapeamento é considerado o maior diagnóstico já realizado no Brasil sobre o potencial produtivo de plantas medicinais, aromáticas, condimentares e alimentícias. De acordo com a coordenadora técnica e executiva, o trabalho usa metodologias que possibilitam o diálogo mais efetivo com as comunidades e agentes imersos nessa cadeia produtiva, incluindo povos indígenas e quilombolas, ribeirinhos e pequenos agricultores dos biomas Amazônia, Caatinga, Mata Atlântica e Cerrado.

“Nós ouvimos muito na Caatinga, por exemplo, é que o modelo produtivo agrícola como o plantio de soja tem se sobreposto ao modelo mais tradicional utilizado pelas populações indígenas e isso tem trazido um grande impacto para a fauna e a flora desses biomas. Ou seja, as pessoas chegam para fazer grandes plantios de soja nessas regiões e vão tirando as árvores, vão desmatando e com isso também vão eliminado animais, insetos e espécies que estabelecem equilíbrio a esses ecossistemas”, relata Joseane. A pesquisadora destaca ainda que essa realidade causa impactos diretos na saúde da população brasileira e também mundial. “A gente tem uma pandemia de Covid 19 hoje exatamente porque precisamos rever esses modos de produção, que acabam atrapalhando e quebrando os elos ecossistêmicos, ecológicos que existem, e ai vamos produzir doenças”.

Até o momento, o ArticulaFito já mapeou as cadeias de valor de 26 espécies de plantas. Para cada uma delas foram identificados os produtores, as formas de escoamento dos produtos, os potenciais consumidores, além dos principais desafios e formas de aprimorar a produção. Na pratica, segundo Joseane Costa, essas informações devem gerar políticas públicas que fomentem essa cadeia de forma sustentável. Entre os 26 produtos mapeados estão, por exemplos, o chá medicinal de hortelã, semente de sucupira, pílula artesanal de babosa, semente de umburana, óleo extravirgem e farinha de babaçu, amêndoa da castanha-do-pará e o repelente de andiroba.

Para saber de que forma esses produtos estão sendo consumidos pela sociedade de modo geral e como se dão esses processos, e se envolvem uma interação entre saberes tradicionais, agricultura familiar, ciência, indústria e comércio, ouça esta edição do UFPA Pesquisa sobre o projeto ArticulaFito: Cadeias de Valor em Plantas Medicinais.

Apresentação, produção e roteiro: Elissandra Batista
Gravação e montagem: João Nilo Ferreira
Supervisão e edição: Elissandra Batista e Fabrício Queiroz

O UFPA Pesquisa vai ao ar todas às quintas-feiras, às 10h.
Horários alternativos de exibição: sexta-feira, às 15h / domingo: às 10h

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