Avanços do estudo sobre o câncer no Pará

Câncer é o nome genérico dado a uma série de patologias que têm em comum o crescimento desordenado e a divisão de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo se espalhar para outras regiões do corpo. Estas células, geralmente, tendem a ser agressivas e incontroláveis, favorecendo a formação de tumores ou neoplasias malignas. A doença continua sendo um grave problema de saúde pública mundial e tem alcançado um grande número de pessoas diagnosticadas.

Para informar sobre a importância da adoção de hábitos saudáveis, atitudes de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento, fundamentais para o controle da doença, foi instituído em 2005 o Dia Mundial Contra o Câncer pela União Internacional para o Controle do Câncer (UICC) lembrado todo dia 4 de fevereiro. Com o tema “Nós podemos. Eu posso” a campanha lançada pela UICC em 2016 tem o intuito de mostrar como todas as pessoas – em grupo ou individualmente – podem fazer a sua parte para reduzir o número de pessoas câncer.

Para entendermos melhor sobre a doença – assim como o diagnóstico, o tratamento e a prevenção – e sobre os projetos de pesquisas realizados pela UFPA voltados para o câncer, o programa UFPA Pesquisa desta semana convidou a professora Andrea Ribeiro dos Santos, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Oncologia e Ciências Médicas da UFPA (PPGOCM); o professor André Khayat, que atua no Núcleo de Pesquisas em Oncologia (NPO), no PPGOCM e na Unidade de Alta Complexidade em Oncologia do Hospital Barros Barreto (UNACON) e o professor Rommel Burbano, professor da UFPA (PPGOCM e ICB) e coordenador do Laboratório de Biologia Molecular do Hospital Ophir Loyola, referência regional no atendimento a pacientes com câncer.

O câncer é uma das doenças que causam maior impacto, tanto no indivíduo como na sociedade, e, pensando nisso, foi formado o NPO que possibilitou a criação da primeira Pós-Graduação em Oncologia e Ciências Médicas (PPGOCM) da região Norte do país, tornando-se referência nas pesquisas sobre câncer na Amazônia.

Em janeiro de 2016, o Hospital Ophir Loyola inaugurou o Laboratório de Biologia Molecular que atende as necessidades da população e do hospital para a classificação de certos tumores, principalmente a leucemia, que precisa de informações provenientes da genética (biologia molecular). Hoje, o hospital oferece diagnóstico para pacientes da hematologia e, com o decorrer do tempo, estenderá a assistência para outras clínicas, como a urologia e a mastologia.

Trabalhando há cerca de cinco anos no Hospital Ophir Loyola, o professor Rommel Burbano nos fala sobre a importância do Dia Mundial Contra o Câncer e como o Laboratório de Biologia Molecular tem realizado pesquisas e assistência voltadas aos pacientes com câncer. “O intuito da criação da data se deve à dura e triste realidade do câncer, principalmente em países em desenvolvimento, até porque, infelizmente, nem todos os tratamentos de cânceres têm alcançado sucesso”, conta o pesquisador.

O câncer atualmente mata cerca de 8,3 milhões de pessoas no mundo. Cerca de 10% dos casos de câncer são hereditários, enquanto a grande maioria dos diagnósticos tem relação direta com fatores ambientais e hábitos de vida. Alguns fatores de risco podem ser encontrados no ambiente físico, herdados ou resultado de hábitos ou costumes próprios de um determinado ambiente social e cultural. Os principais fatores de risco para o câncer são o tabagismo, hábitos alimentares, peso corporal, comportamento sexual de risco, fatores ocupacionais, bebidas alcoólicas, exposição solar, radiações e medicamentos.

Ao reforçar a questão do câncer como problema de saúde pública mundial, o professor André Khayat explica como a pesquisa entra em campo, visando reduzir as estimativas assustadoras de pessoas diagnosticadas com a doença, que segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), deve atingir cerca de 21 milhões de casos até 2030.

Para André Khayat, a pesquisa é desenvolvida com o objetivo de tentar reduzir os números de casos atuais de câncer e evitar que os números de casos novos se tornem reais em 2030. “A pesquisa tenta investigar o câncer com foco na prevenção da doença, assim como na busca de novas formas de diagnóstico e, também, no auxílio de descobertas de novas terapias. Estes são os ‘pontos-chave’ nos estudos do câncer. Assim, a pesquisa visa elucidar algumas informações novas a respeito de cada um desses tópicos”, explica o professor.

Nesse sentido a pós-graduação desempenha um papel decisivo visto que atua na formação de recursos humanos em todas essas áreas. De acordo com Andrea Ribeiro, a pós-graduação foi pensada de forma multiprofissional e o programa conta com pesquisadores de diversas áreas, como de Medicina, Biologia, Odontologia e Nutrição, por exemplo, que atuam no campo da pesquisa translacional. “O PPGOCM foi pensado para juntar a expertise da ciência básica junto à expertise da clínica, e o médico passa a ter grande importância nesse processo para que o resultado dessas pesquisas e dessa formação de recursos humanos chegue ao leito dos pacientes”, explica a professora.

O professor Rommel Burnano destaca que essa relação entre a pesquisa e os serviços de atendimento já são percebidos no Laboratório de Biologia Molecular, onde hoje atuam profissional oriundos do PPGOCM, possibilitando um “excelente resultado da união entre o Estado e a Academia”, afirma. O tratamento do câncer, dependendo do caso, pode ser feito por meio de cirurgia, radioterapia, quimioterapia ou transplante de medula óssea. Em muitos casos, é necessário combinar mais de uma modalidade. Já a prevenção engloba ações realizadas para reduzir os riscos de ter a doença, como a adoção de um modo de vida saudável e evitar a exposição às substâncias causadoras de câncer.

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