Fitoterapia popular e ciências farmacêuticas


“Já trabalhamos a Etnofarmácia há bastante tempo e temos resultados bastante promissores, em termos de política pública e de conhecimento popular”, fala Wagner Luiz Ramos Barbosa, professor da Faculdade e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas durante o programa UFPA Pesquisa desta semana que trata de “Fitoterapia Popular e Ciências Farmacêuticas”.
 O professor coordena o Laboratório de Etnofarmácia: Documentação e Investigação de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (LAEF) e explica a importância do diálogo entre os saberes científicos e tradicionais para a construção de conhecimento. “Quando vamos a campo para conversar com erveiras, benzedeiras e outros indivíduos praticantes da fitoterapia popular, estamos instituindo trocas de informações, possibilitando um enriquecimento mútuo”, garante o pesquisador.A troca de informações permite a melhoria na qualidade do trabalho destes indivíduos, enquanto as linhas de pesquisas tecnológicas são enriquecidas com o conhecimento coletado nessas comunidades. “Essa troca de experiências é a centralidade da etnofarmácia”, afirma o professor. A equipe trabalha na perspectiva de qualificar os saberes locais e o conhecimento produzido nos laboratórios tecnológicos.Quem participa, também, do programa são as doutorandas Myrth Soares do Nascimento e Andressa Santa-Brígida da Silva, do Programa de Pós-Graduação em Inovação Farmacêutica da UFPA. De acordo com Andressa Silva, que estuda uma espécie vegetal amazônica utilizada com finalidades medicinais, a alegação de pessoas tem embasamento científico.

“Uma determinada comunidade alega usar uma planta para um tipo de patologia. A partir disso, nós utilizamos estes conhecimentos para utilizar aquelas espécies em futuros estudos, com base nos levantamentos etnofarmacêuticos. Eu estudo uma planta conhecida como sucuriju (Mikania lindleyana DC), utilizada para inflamações e problemas gastrointestinais. Por meio de alguns ensaios farmacológicos, pudemos comprovar cientificamente que a planta tem atividades anti-inflamatórias”, revela a doutoranda.

Já a pesquisa de doutorado de Myrth Nascimento ainda está na fase inicial, mas segue a mesma linha da pesquisa de Andressa. “Estou trabalhando com uma espécie conhecida na fitoterapia popular como pata-de-vaca (Bauhinia monandra). Esta planta tem alegação de uso para tratamento de diabetes e é uma informação bem antiga e bastante difundida entre a população”, explica a pesquisadora.

O objetivo de Myrth Nascimento é fazer a investigação química e botânica desta espécie vegetal. “Buscamos investigar a caracterização de farmacógeno e avaliar a constituição química, ou seja, quais substâncias compõe essa planta”. Outras espécies vegetais também são estudadas no Laboratório. O professor Wagner Barbosa fala ainda da importância dos trabalhos da etnofarmácia para a sociedade e de que forma podem ser aplicados na saúde pública.

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