“UFPA Pesquisa – Exposição Sentinela do Norte”
UFPA Pesquisa
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Você já visitou a Exposição Sentinela do Norte? Nesta edição do UFPA Pesquisa vamos passear pelos bastidores dessa produção com a historiadora Michelle Menezes de Barros Queiroz. Em conversa com a jornalista Elissandra Batista, a professora e pesquisadora destaca a importância de conhecer e entender melhor o processo da Independência do Brasil no Pará.
Assim, a mostra sediada no Solar Barão do Guajará, sede do Instituto Histórico e Geográfico do Pará (IHGP), proporciona ao público uma viagem no tempo, por meio da contemplação de livros, esculturas, documentos históricos, fotografias, louças e os móveis do antigo morador do Solar: Domingos Antônio Raiol, autor de livros sobre os motins políticos no Pará do século XIX, obras que também estão expostas aos visitantes do IHGP.
“A exposição apresenta uma amostra do acervo que pertence ao Instituto Histórico e Geográfico do Pará, mas também de colecionadores particulares. Então, o foco principal foi trazer para a exposição objetos, documentos e imagens que estivessem associados ao Bicentenário da Independência do Brasil no Pará”, destaca Michelle Queiroz.
A historiadora, que faz parte da equipe de pesquisa da exposição, conta que o projeto começou a ser planejado em 2021 e possui um circuito expositivo com quatro núcleos. O primeiro denominado “O Barão, a Independência e os Motins Políticos” mostra a vida e a obra do político e historiador Domingos Antônio Raiol. Também conhecido como o Barão do Guajará, é uma referência para quem estuda a história do Pará e da Amazônia na primeira metade do século XIX, especialmente o movimento da Cabanagem.
Já o segundo núcleo da Sentinela do Norte, intitulado “A Independência do Brasil no Grão-Pará”, aborda as guerras napoleônicas e a invasão portuguesa em Caiena a partir do Pará, além da adesão do Pará a Independência do Brasil, no dia 15 de agosto de 1823, praticamente um ano depois do famoso grito do Ipiranga, proclamado por Dom Pedro I, oficialmente no dia 07 de setembro de 1822.
“Com a chegada da Corte portuguesa do Brasil em 1908 – a abertura dos portos, em represália a tomada de Napoleão e a conquista em áreas europeias – acontece a invasão à Caiena, onde o Pará vai ter uma posição fundamental porque a gente está falando de uma província onde hoje é toda a região norte com exceção do Acre. Ou seja, era uma área de fronteira com vários países e por isso fundamental na defesa desse corpo territorial do que era o Brasil no século XIX. Assim, a invasão de Caiena em 1909, que perdura até 1917, quando Caiena é devolvida a França, é algo fundamental para a gente entender a geopolítica daquele século”, explica Michelle Queiroz.
A professora de História destaca também que o terceiro núcleo da exposição Sentinela do Norte: a Independência do Brasil no Grão-Pará é denominado “História Ensinada” e aborda como o ensino dessa história vem sendo realizado ao longo do tempo, principalmente, em relação a educação básica. Além disso, quem visita a exposição encerra o passeio pela história do Pará e da Amazônia no quarto e último núcleo chamado “Efemérides da Nação”, que faz uma reflexão sobre as comemorações pela Independência do Brasil, em distintos períodos.
Com esse roteiro, a exposição tem ainda como perspectiva incluir novos atores e sujeitos sociais nas leituras da Independência do Brasil no Pará, incluindo mulheres, indígenas e negros, para além de nomes e personalidades que ganharam destaque nesse processo historiográfico do País, como ressalta Michelle Queiroz.
“Cada vez mais a historiografia caminha para esse processo de pensar e repensar as ações de diversos sujeitos na política, na cultura, na economia. E um caso muito interessante é a sociedade de mulheres na década de 30. Criaram um grupo, uma organização que defendia a Independência ainda na década de 30 do século XIX. E é uma narrativa que o próprio Antônio Raiol traz no seu livro Motins Políticos. Então isso é justamente mexer um pouco com o eixo de focar apenas em alguns sujeitos e tentar perceber outros sujeitos que também vivenciaram esse momento que foi o período da Independência no Grão Pará”.
Aberta ao público desde o dia 18 de maio de 2022, a exposição Sentinela do Norte: A Independência do Brasil no Grão-Pará é uma realização da Universidade Federal do Pará (UFPA), por meio da Cátedra João Lúcio de Azevedo, Camões, I.P., e o Instituto Histórico e Geográfico do Pará (IHGP), com curadoria dos professores Aldrin Figueiredo e Nazaré Sarges.
Para saber mais sobre a mostra que pode ser visitada de terça a sexta-feira, das 9h às 16h, no Instituto Histórico e Geográfico do Pará, não perca esta edição do UFPA Pesquisa e entenda melhor a história da Independência do Brasil aqui no Estado.
No programa, a professora Michelle Queiroz destaca também as pesquisas realizadas por ela no mestrado, concluído em 2006, e no doutorado, em andamento, intituladas respectivamente: “Germes de grandeza”: Antônio Ladislau Monteiro Baena e a descrição de uma província do Norte durante a formação do Império Brasileiro (1823-1850)”; e “O Império do Brasil pelas letras de Filippe Patroni (1798-1866)”.
Apresentação, produção e roteiro: Elissandra Batista
Reportagem: Lívia Leoni
Gravação e montagem: João Nilo e Denize Ramos
Supervisão e edição: Elissandra Batista
Imagem: Acervo do IHGP
O programa UFPA Pesquisa vai ao ar toda quinta-feira, às 11h, com reprise às terças-feiras, às 20h.