As origens das festas juninas remontam a rituais pagãos de celebração do solstício de verão no hemisfério norte, que foram posteriormente incorporadas pelo catolicismo, passando a homenagear santos como São João, São Pedro e Santo Antônio. No Brasil, as manifestações juninas sofreram novas influências, como as indígenas e africanas, e adquiriram particularidades em cada região do país.
Para conversar sobre as manifestações juninas no Pará, o UFPA Pesquisa dessa semana recebe Jorgete Lago, doutoranda em Etnomusicologia pela Universidade Federal da Bahia, Edgar Chagas Júnior, doutor em Sociologia e Antropologia pela UFPA, e Rodolpho Sanchez, graduado em Teatro, também pela UFPA.
Os três convidados são estudiosos das diversas expressões da época junina no estado. Jorgete, por exemplo, pesquisou sobre o boi-bumbá Flor do Guamá no mestrado e, atualmente, investiga o protagonismo feminino das mestras da cultura popular, inclusive as que promovem as manifestações juninas, a exemplo da guardiã do pássaro junino Tucano, dona Iracema Oliveira.
Edgar Júnior estudou o boi-bumbá do Marajó durante o mestrado, especificamente na região do Arari. Mais recentemente, para o doutorado, pesquisou sobre o Arraial do Pavulagem e seu arrastão durante o mês de junho, que, apesar de não ser considerado uma tradição como o boi-bumbá, já faz parte do calendário junino da cidade. “O Arrastão é uma manifestação urbana que cria um novo tipo de sociabilidade, de arranjo performativo, de prática alegórica, e também um discurso”, explica.
Já Rodolpho Sanchez fez TCC sobre os pássaros juninos, manifestação tipicamente paraense. “É um tipo de teatro único, criado por artistas populares paraenses, uma das maiores contribuições que o estado do Pará dá à cultura junina brasileira”, afirma o ator, que também é brincante do pássaro junino Tucano. Além do trabalho de conclusão de curso, Rodolpho também pesquisa para a patrimonialização do pássaro junino pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Durante o programa, os convidados também discutem a importância da patrimonialização, mas ressaltam a necessidade da implementação de políticas públicas que salvaguardem essas expressões após o processo de tombamento pelo IPHAN. Eles também comentam as dificuldades que os grupos enfrentam anualmente para levar as manifestações às ruas e criticam que elas sejam transpostas para o centro da cidade, o que provocaria uma certa descaracterização das apresentações originais que acontecem nas periferias. “Nesses espaços oficiais, promovidos pelo poder público, existe uma formatação específica, com determinações impostas pelos organizadores, que tornam as apresentações estereótipos, com um tempo pré-determinado que não é o tempo da comunidade”, opina.
Para entender mais a cultura das festas juninas, confira o UFPA Pesquisa nos seguintes dias e horários: quinta-feira, às 10h; sexta-feira, às 15h; e domingo, às 10h.