Nesta edição do UFPA Pesquisa falamos sobre a ocorrência de infecções virais em populações amazônicas. Para falar sobre o tema, o programa conversa com Antônio Carlos Vallinoto, doutor em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários, professor titular da UFPA, chefe do Laboratório de Virologia da Universidade, além de ser membro titular da Academia Paraense de Ciências.
No programa, o professor fala sobre a trajetória do Laboratório de Virologia da UFPA, que desde a década de 1980 desenvolve estudos na área da epidemiologia de infecções virais, dando ênfase nas pesquisas em retrovírus. Durante a entrevista, Vallinoto destaca estudos sobre o desenvolvimento da pesquisa de marcadores epidemiológicos do vírus HTLV 1 e 2 em populações do Norte e do Centro-Oeste e sobre a prevalência do SARs-CoV-2 em área urbana e indígena no estado do Pará.
Ao longo do programa, o professor explica o que é HTLV, o primeiro retrovírus humano a ser descoberto e tem um característica clínica que impede a manifestação de sintomas em cerca de 90% dos pacientes infectados, o que o caracteriza como uma infecção negligenciada. “Nós costumamos dizer que esse é um vírus silencioso, ele faz uma infecção persistente, para o resto da vida e na grande maioria das pessoas elas não sabem que estão infectadas”, afirma o pesquisador.
Outro destaque da entrevista é a pandemia do novo coronavírus, dando ênfase nos estudos realizados nas áreas urbanas e rurais do estado do Pará. O projeto ainda está em fase inicial e avalia a porcentagem de anticorpos para a Covid-19 presente na população paraense.
Nesse contexto, Antônio Carlos Vallinoto esclarece questões importantes do debate sobre o combate e a prevenção do novo coronavírus, como a noção de “passaporte imunológico”, que surge da premissa de que pessoas que tiveram contato com o vírus da Covid-19 teriam imunidade contra uma reinfecção e que, portanto, poderiam circular livremente. “Esse conceito não é real, porque, veja, nós ainda não temos informação concreta de que uma pessoa que teve Covid-19, que ela não possa ter uma reinfecção. Esse é um ponto. Segundo, a presença de anticorpos em um indivíduo também não garante 100% de que ele tenha imunidade contra uma reinfecção porque os anticorpos eles podem ser o que a gente chama de anticorpo neutralizante ou não neutralizante.”, explica.
No programa, o professor também falou sobre os desafios das pesquisas com vírus na Amazônia: “Nós temos uma quantidade enorme de outros vírus que circulam na região amazônica e isso realmente é um desafio muito grande para todos os grupos que trabalham nessa linha de pesquisa de infecções virais. E nós estamos nesse ambiente tentando desvendar as variações dos vírus que circulam nessas populações, mecanismos de prevenção e controle também dessas infecções”, destaca Vallinoto.
Para conhecer mais sobre essas pesquisas sobre infecções virais em populações amazônicas, confira o UFPA Pesquisa.
Apresentação: Elissandra Batista
Produção e roteiro: Áurea Garcia
Gravação e montagem: João Nilo Ferreira
Supervisão e edição: Elissandra Batista e Fabrício Queiroz
O UFPA Pesquisa vai ao ar todas às quintas-feiras, às 10h e 21h.
Horários alternativos de exibição: sexta-feira, às 15h / domingo: às 10h