Os perfis e sentidos do Círio de Nazaré

Os perfis e sentidos do Círio de Nazaré durante o traslado de Nossa Senhora para Ananindeua é o tema em destaque nesta edição do UFPA Pesquisa. No programa, a apresentadora Elissandra Batista conversa com o jornalista Gabriel Mota, doutorando em Ciências da Comunicação pelo Programa de Pós-Graduação Comunicação, Cultura e Amazônia, da Universidade Federal do Pará (PPGCOM-UFPA).

No UFPA Pesquisa, Gabriel conta que estuda o Círio de Nazaré e as suas diversas vertentes desde a graduação. Agora no doutorado, seguindo a linha de estudo Comunicação, Cultura e Socialidades na Amazônia, o discente usa os métodos etnográficos para compreender os diferentes perfis de participantes do traslado do Círio de Nazaré, no percurso Belém – Ananindeua.

”Na graduação, eu fiz uma observação a partir de um ponto específico da passagem da procissão, fiquei com as pessoas observando como elas interagiam. Agora é diferente, eu estou acompanhando a procissão nesse desafio de seguir os movimentos da Santa, ficar ali perto dela durante essa procissão que tem 50km de percurso e cerca de dez horas de duração”, explica Gabriel Mota.

O trabalho de pesquisa para o doutorado começou em 2022, quando o jornalista acompanhou parte do percurso do traslado da imagem de Nossa Senhora de Nazaré para o município de Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém. “Na ocasião, conversei com algumas pessoas que estiveram em outros pontos diferentes de mim para elas compartilharem comigo as suas vivências por meio de registros. Então elas me mandaram fotos, vídeos, algumas gravações de áudio de como elas estavam vivendo a procissão. São os primeiros dados que eu tenho para começar a escrever a tese sobre esse translado”,  comenta o pesquisador.   

Ainda de acordo com Gabriel Mota, o principal objetivo da pesquisa é compreender quais são as estratégias usadas pelos participantes do traslado no sentido de se afirmarem no espaço urbano, no momento em que acontece a romaria e, ainda, analisar como a comunicação estar associada a organização dessa festa cultural e religiosa.

“A gente tem a diretoria da festa que organiza as procissões, mas essa  especificamente é coordenada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). Então ali já existem algumas tensões, em termo de quem é que organiza, tudo de maneira negociada, no final sempre dá certo. Essa é uma procissão diferenciada, também, para as pessoas que moram longe porque é uma oportunidade de ver a Santa de perto, sem precisar se deslocar até o núcleo do Círio, no centro de Belém”, destaca o jornalista.

Para além do olhar científico e jornalístico, Gabriel também revela um pouco da sua emoção enquanto devoto de Maria. “Da minha relação com nossa Senhora me emociona olhar para trás, lembrar justamente do começo quando eu queria trabalhar com o Círio na pesquisa e, hoje, ver que, de certa forma, o Círio é o sentido da minha trajetória na Comunicação. E eu lembro muito de pedir para Nossa Senhora me iluminar, me dá ideias. Inclusive, retomar com o traslado na tese tem o sentido de uma comunicação que eu tive com Ela, de um sinal que eu recebi”.

Para compreender melhor os perfis e os sentidos dos participantes do traslado da imagem de Nossa Senhora de Nazaré para Ananindeua, não perca esta edição do UFPA Pesquisa e conheça um pouquinho dos processos comunicacionais que envolvem uma das maiores festas religiosas do mundo.