Percepção de trabalho dos indígenas Warao

A percepção de trabalho dos indígenas Warao é a pauta desta edição do UFPA Entrevista. Em destaque o projeto denominado “Povos das Águas: participação, trabalho e meios de vida”, que tem como objetivo contribuir com a inserção dos indígenas venezuelanos no mercado de trabalho formal ou em atividades produtivas que geram renda, como o artesanato.

No programa, a jornalista Elissandra Batista conversa com Isneri Nunes, articuladora do projeto Povos das Águas; com Evélio Cardona, também articulador do projeto e liderança indígena Warao. E, ainda, com Clémentine Maréchal, que é antropóloga e analista socioambiental do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), realizador do projeto em parceria com os indígenas e o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR).

“O objetivo principal é desenvolver oportunidade para os Waraos poderem ser auto- sustentáveis, poderem desenvolver atividades que eles gostam de fazer e sustentar suas famílias. Isso também se atrela a necessidade de um fortalecimento comunitário e político, porque temos que analisar a situação sócio- histórica deles”, relata Clémentine Maréchal.

A antropóloga destaca ainda a importância da iniciativa ser construída com a participação direta dos indígenas. “Um dos eixos do projeto trabalha a questão de que eles possam se unir e reconstruir, repensar as comunidades Warao. E, assim, enxergar como eles podem se organizar tanto para conhecer, reconhecer e lutar por seus direitos, como para internamente estarem mais unidos e mais fortes”.

Desde o início da crise social e humanitária na Venezuela, populações indígenas e não-indígenas foram forçadas a migrarem para países vizinhos, incluindo o Brasil. E devido à proximidade geográfica, a Região Norte é a que mais registra solicitações de refúgio. No caso dos Warao, as condições de vulnerabilidade social e violações de direitos são duplicadas por serem, além de refugiados, indígenas.

Diante dessa realidade, o projeto “Povos das Águas: participação, trabalho e meios de vida” surge para auxiliar na busca pelo fortalecimento da organização comunitária dos Warao, que lutam por garantia de direitos básicos e têm como principal demanda a falta de oportunidades tanto no trabalho formal quanto na geração de renda, o que os leva a pedirem ajuda nas ruas.

“Nossa cultura é muito importante para nós, porque existe muita coisa, nossa dança, nossa vestimenta, nosso canto, que nós sempre fazíamos em cada atividade na nossa etnia. (…) Aqui, em Belém eu passei quatro meses nas ruas, quando vim da Venezuela, para ter algo, manter minha família. E a gente ver muitas mulheres, alguns homens, mas ver mais mulheres e crianças sofrendo nas ruas, pedindo ajuda e procurando trabalho”, relata a indígena Isneri Nunes.

Atualmente, cerca de 700 indígenas Warao vivem nos municípios de Belém e Ananindeua, distribuídos em oito comunidades que buscam melhores condições de vida. Uma situação que exige da sociedade em geral um olhar mais sensível e humano especialmente na questão do emprego e sustentabilidade para essa população, que foi forçada a sair do seu país de origem e que agora precisa de todo o apoio e solidariedade.

Para conhecer e entender melhor a realidade e a percepção de trabalho dos indígenas Warao, não perca esta edição do UFPA Entrevista. Além disso, você pode acessar outras produções da Rádio Web UFPA sobre a realidade dos Waraos, no Pará, por meio dos links: https://radio.ufpa.br/index.php/ufpa-pesquisa/experiencias-de-vida-e-saude-dos-indigenas-warao/;https://radio.ufpa.br/index.php/espaco-experimental/podcast-migracoes/;https://radio.ufpa.br/index.php/ufpa-entrevista/atuacao-do-mpf-no-caso-dos-indigenas-warao/;https://radio.ufpa.br/index.php/ufpa-debate/indigenas-warao-refugiados-no-para/

Foto: Divulgação/IEB