Arraiá Pé no Chão

“Arraiá Pé no Chão”

Espaço Experimental

Rádio Web UFPA

Arraiá Pé no Chão é o programa em destaque nesta edição do Espaço Experimental. O mês de junho é marcado por vários estilos musicais, costumes e comidas típicas. No Arraiá Pé no Chão, os apresentadores Edevadilson Fortes e Leandra Souza nos ajudam a viajar nesse universo tão rico e importante na formação cultural do País.

De origem europeia, no início, as festividades juninas eram só eventos pagãos para comemorar as colheitas, no dia 24 de junho. Porém, o cristianismo incorporou essa data e passou a homenagear os santos: São João, São Pedro e Santo Antônio. Trazida para o Brasil pelos colonizadores portugueses, com o tempo, os costumes brasileiros foram sendo introduzidos e resinificando a homenagem aos santos católicos.

As quadrilhas juninas, por exemplo, viraram grandes atrações nessa época de São João, seja nas competições oficiais ou nas simples apresentações nos bairros de várias cidades brasileiras, com vestimentas entrelaçadas de simbologias. Através dos figurinos das quadrilhas é possível entender o enredo e a história que contada nas apresentações. O figurinista Marcos Alcântara comenta sobre essa mensagem que os trajes transmitem ao público, além das coreografias e temas de cada grupo.

“Desenhei um figurino para uma quadrilha do município de Tracuateua, em que o tema era o Círio de Nazaré. Eu procurei colocar os cavaleiros vestidos de romeiros, com a corda, os barquinhos de miriti e tudo mais que lembrasse o círio. Já as damas representaram a berlinda, tanto que a cor do figurino era um ouro velho, as barras da saia rosa para representar as flores. E, no arranjo, eu procurei tentar lembrar o Glória, que fica localizado no centro da Basílica, onde a imagem de Nossa Senhora de Nazaré fica exposta o ano inteiro. Então, procurei alguns símbolos para constar na roupa e ter significado dentro do tema que eles escolheram”, explica Marcos Alcântara.

Além das quadrilhas, os arraiais juninos, no Pará, são marcados por apresentações de diversos outros grupos, incluindo os cordões de pássaros e os tradicionais bois-bumbás, celebrados com dança, música, teatro e cortejos. Em Belém, a animação e o colorido das fitas nos chapéus de palha chamam a atenção nos eventos do Boi Arraial do Pavulagem, que arrasta multidões no bairro da campina, com suas estrelinhas cintilantes.

Outro ritmo comum nas festas juninas do povo paraense é o Carimbó, um estilo regional muito ligado a influências indígenas e africanas. Para falar um pouco sobre a música que embala os nortistas, o programa convidou a cantora Priscila Duque, do grupo de Carimbó Cobra Venenosa. “Quando eu faço Carimbó e sons, eu vejo muitas imagens associadas a poesia. E a minha poética é muito experimental. Então, para mim, até hoje, o lugar que eu consigo fluir a minha poética é na performance, no palco, onde eu me realizo e também quando eu consigo estabelecer essa simbiose entre o ritmo, som, a imagem e a poesia.”

Nessa viagem do Arraiá Pe no Chão, você conhece mais sobre os símbolos e ritmos marcantes da cultura popular, como as quadrilhas, o forró, o carimbó, o Arraial do Pavulagem e, ainda, uma receita de canjica de milho verde para adocicar ainda mais o mês de junho. Afinal, as comidas típicas dessa época carregam uma série de sentimentos que nos relembram, muitas vezes, da família e da infância.

O programa Arraiá Pé no Chão é uma produção da turma de Rádio Jornalismo de 2020, e conta com a participação dos alunos Edevaldison Fortes, Leandra Souza, Jambu, Ana Vitória Gouveia, Angra dos Reis e Luiz Moura, sob a orientação da professora Netília Seixas.

Reportagem: Lívia Leoni

Foto: Arraial do Pavulagem – Google

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