Meninas nas Ciências Agrárias

Meninas nas Ciências Agrárias é o projeto de extensão em destaque nesta edição do UFPA Comunidade. No programa, a jornalista Elissandra Batista conversa com a socióloga Ruth Almeida, que é a coordenadora da iniciativa realizada pela Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). O principal objetivo da ação é despertar o interesse pela ciência entre as estudantes ribeirinhas das ilhas de Belém.  

No UFPA Comunidade, a professora Ruth explica que o projeto surgiu, em 2018, a partir da observação do fluxo constante de estudantes ribeirinhos que desembarcam no porto da UFRA e usam o local como passagem para as escolas de educação básica, localizadas nos bairros da Terra Firme e Guamá. “A gente partiu da premissa que precisava dialogar com esse público que apenas transitava ali pelo campus da UFRA e focar, especificamente, nas mulheres, nas meninas, nas nossas meninas das Ciências Agrárias. E, assim, quem sabe despertar nas meninas ribeirinhas, que passavam pela Universiade e estavam terminando o ensino médio, o interesse em ser uma menina das Ciências Agrarias também”, ressalta a professora Ruth Almeida. 

Atualmente, o Meninas nas Ciências Agrárias está sendo desenvolvido na Ilha do Murutucu, onde as estudantes dos cursos de Agronomia, Engenharia Florestal, Medicina Veterinária e Zootecnia dialogam com as meninas ribeirinhas. E, assim, conhecem a realidade vivenciada no local, incluindo os problemas como a falta de serviços e infraestrutura. Com os dados coletados, as estudantes da UFRA fazem o levantamento socioeconômicos para a realização das pesquisas e estudos acadêmicos sobre as ilhas de Belém. Enquanto isso, as meninas das ilhas começam a enxergar o ensino superior, as ciências agrárias e a UFRA muito além de um simples local de passagem.        

“Quando o projeto começou nós abrimos um edital e selecionamos 10 meninas dos ensinos fundamental e médio que escreveram uma redação sobre a realidade delas nas ilhas. A partir dessa seleção, chamamos elas para a UFRA justamente para apresentar as instalações da Universidade, os cursos, os laboratórios e as pesquisas desenvolvidas. Isso para que essas meninas possam compreender o que é de fato a universidade, além daquilo que elas costumam ver durante a caminhada para a escola”. 

Além de promover a interação e troca de saberes entre as estudantes da UFRA e as estudantes da educação básica que moram na Ilha do Murutucu, em Belém, o Meninas nas Ciências Agrárias também questiona as desigualdades de gênero dentro da Universidade. De acordo com a professora Ruth Almeida, mesmo com os altos índices de meninas nos cursos da UFRA, incluindo Medicina Veterinária, que possui 90% de alunas entre os estudantes, a sociedade ainda tem uma visão distorcida sobre o papel e a participação das mulheres nas ciências agrárias.

Uma realidade que se reflete diretamente na vivência das alunas na universidade, como, por exemplo, a prática de anúncios de estágios destacando a prioridade para os homens. “Como que no espaço das ciências agrárias visto ainda como masculino, mas com um público extremamente feminino, ainda tinham essas divisões e exclusões de gênero?! Então o projeto também surge dessa percepção da necessidade de transformar essa realidade, a partir da valorização da participação das mulheres também nos cursos das ciências agrárias, especialmente na UFRA”, reforça a professora Ruth Almeida.

Apresentação: Elissandra Batista

Produção: Giovanna Martine e Lívia Leoni

Gravação e montagem: João Nilo e Denize Ramos

Supervisão e edição: Elissandra Batista

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