Sobre lutas e lágrimas: uma biografia de 2018, de Mário Magalhães, será lançado em Belém

O livro “Sobre lutas e lágrimas: uma biografia de 2018”, do jornalista e escritor Mário Magalhães, será lançado em Belém no dia 9 de novembro no Núcleo de Conexões Na Figueredo. O evento contará com uma roda de conversa entre o autor, a professora Regina Lima e a jornalista Simone Romero. O lançamento do livro é uma realização do projeto Jambu Festival, da Faculdade de Comunicação (Facom), da Universidade Federal do Pará (UFPA) e do Grupo de Pesquisa em Comunicação Pública (Com/pública); com o apoio do Núcleo de Conexões Na Figueredo e o coletivo de jornalistas Comunicadores pela Democracia.

O livro tinha como título “O ano do apocalipse”, mas o escritor mudou para “O ano em que o Brasil flertou com o apocalipse”, segundo ele porque não houve apocalipse, que equivale ao fim. Para ele, a história não terminou, como atestam os protestos gigantescos de 15 e 30 de maio de 2019 contra o governo. Mas o livro também não ficou com esse título. Mais tarde, ele diz, a jornalista Fernanda da Escóssia sugeriu Sobre lutas e lágrimas, combinando o épico das lutas e o lirismo das lágrimas. E acrescenta, são as lutas e as lágrimas de quem combateu o obscurantismo. O subtítulo original foi mantido, “Uma biografia de 2018”. E “O ano em que o Brasil flertou com o apocalipse” virou um segundo subtítulo, que ocupa inteira a contracapa do livro, numa ousadia editorial, revela.

Outra frase do Mário que tem vasto sentido diz que “2018 é um ano que tão cedo não vai terminar”, o que nos faz lembrar o livro “1968 – o ano que não terminou”, do jornalista Zuenir Ventura. Duas obras que enlaçam enredos dramáticos e prospectivos da vida social, cultural e, principalmente, política, do nosso país, em anos distintos. O jornalista Mário Magalhães diz que o impacto de 1968 na vida nacional foi imenso e que só o Ato Institucional Número 5, norma liberticida baixada pela ditadura naquele ano, durou uma década. Para ele, os eventos de 2018 influenciarão o Brasil por décadas: “o endosso à degradação ambiental delineado no ano passado provocará estragos sem volta; a política econômica ultraliberal estimulará o regresso de milhões de pessoas à pobreza, inclusive a mais extrema”, ressalta.

Segundo uma síntese da editora, no livro, editado em maio, “o autor articula de forma magistral acontecimentos e personagens como a caçada irracional a macacos considerados transmissores da febre amarela, a intervenção militar no Rio de Janeiro, o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, a
prisão de Lula, a paralisação dos caminhoneiros, o Dr. Bumbum, a ascensão da censura, a tragédia do feminicídio, a queda de Neymar na Copa, o delírio Ursal, o espectro do nazifascismo, o incêndio no Museu Nacional, a violência no processo das eleições, a facada em Bolsonaro, a ilusão do vira-voto, o triunfo da extrema direita, o ‘ninguém solta a mão de ninguém’… E também o clã Bolsonaro e suas ligações perigosas, o ideário obscurantista do novo governo, a pregação do movimento Escola Sem Partido, a luta contra as trevas, entre outros eventos que fizeram de 2018 um ano que tão cedo não vai terminar”.

Alguns textos de Sobre lutas e lágrimas foram publicados no The Intercept Brasil quando Mário ainda colaborava com o site, e os mais densos foram escritos no final do ano passado e finalizados no início de 2019. Estes são inéditos e escritos com “a cabeça e o coração”. Sobre lutas e lágrimas foi lido no cárcere pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que teceu consideráveis elogios à obra e recomendou sua publicação pelo Instituto Lula. “Eu fiquei comovido ao saber que um homem preso injustamente reservou, nas circunstâncias dramáticas em que vive, um tempo para ler o meu livro”, comentou o autor. Em diversas entrevistas que já concedeu Mário diz que seu livro não fica em cima do muro – “O livro toma o partido da civilização contra a barbárie”, assegura.

Entre outras obras, Mário é autor também do livro “Marighella: O guerrilheiro que incendiou o mundo”, biografia que inspirou o filme Marighella, do ator e diretor Wagner Moura, que tinha a previsão de estrear no Brasil em novembro, mas a garra sinistra da censura voltou a atuar no país com mais intensidade, com o atual governo, por meio dos trâmites burocráticos exigidos pela Agência Nacional de Cinema (Ancine), e a produtora 02 Filmes, responsável pela obra, adiou a data de lançamento do longa. Marighella estrearia em 20 de novembro, dia da Consciência Negra e mês que marca os 50 anos de morte do guerrilheiro Carlos Marighella. Por falar nesse assunto, deixamos aqui uma curiosidade, que tem a ver com o livro anterior do Mário, o evento de lançamento do livro atual, Sobre lutas e lágrimas, vai ocorrer cinco dias depois do niversário de 50 anos do assassinato do Marighella.

Mário Magalhães nasceu no Rio de Janeiro em 1964. Formou-se em Jornalismo na Escola de Comunicação da UFRJ. Trabalhou nos jornais Tribuna da Imprensa, O Globo, O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo, diário do qual foi repórter especial, colunista e ombudsman. Recebeu 25 prêmios jornalísticos e literários no Brasil e no exterior, muitos deles nas áreas da defesa dos direitos humanos.

SERVIÇO:
Lançamento do livro Sobre Lutas e Lágrimas: uma biografia de 2018
Local: Núcleo de Conexões Na Figueredo, avenida Gentil Bittencourt, 449,
Nazaré.
Data: dia 09/11, sábado, às 16 horas.
Preço do livro: R$ 49,90.

Texto: Lázaro Araújo
Foto: Daniel Ramalho/Divulgação

Compartilhe !

Id:6891

Pular para o conteúdo